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Como Deadpool mudou o cinema de herói

Por PH Dias

Já imaginou um filme de super-herói em que o personagem é mostrado apresentando o dedo do meio, fazendo gestos obscenos, falando palavrão e ao mesmo tempo quebrando a quarta parede? É só juntar tudo isso com mais algumas doses de violências e exageradas cenas de ação que vem Deadpool. Um personagem que apareceu erroneamente em 2009, com X-Men Origins: Wolverine, teve uma sobrevida e a confiança do estúdio para fazer um filme da maneira mais livre, porém com um orçamento limitadíssimo: 58 milhões de dólares. Para os padrões dos grandes estúdios de Hollywood, esse valor é baixo, mas com muitos significados: o filme se tornou um grande sucesso de crítica e público. Arrecadando 783,1 milhões, se tornou um blockbuster e a maior bilheteria para um longa-metragem feito para maiores de idade.

O que isso mudou nos filmes de heróis? Tudo.

Pela primeira vez, os estúdios - com exceção da Marvel que já tem uma fórmula que dá certo - podem se arriscar em temas mais controversos e no politicamente incorreto, como também na violência mais explícita. Depois do primeiro filme do Mercenário Tagarela, o público se mostrou aberto a experiências mais “pesadas” em filmes de heróis, já que a regra vigente é serem obras mais leves, sorridentes e não sombrias. Então, Deadpool mostra que até podemos nos divertir, mas com um jeito mais pesado. 

Muito das majors que vivem em Hollywood estão apostando alto em longas mais fortes, grosseiros e ofensivos. É comum a indústria cinematográfica de Hollywood copiar o modo que tal filme fez sucesso. Deadpool fez com que esse tipo de empreendimento fosse visto de um outro modo, principalmente no cinema norte-americano, que não existe mais coragem e ideias mais ousadas. Isso faz com que o público veja que existem outras formas de se realizar um longa-metragem desse gênero.

Com o enorme sucesso do primeiro filme, a coisa mais óbvia a fazer era uma sequência e essa foi anunciada em 2016, com a estreia marcada para essa semana. O ponto positivo é que o custo de sua produção não foi aumentado exponencialmente, eles entenderam que o sucesso veio da sua maneira simples e da originalidade do personagem. O título quem levou muita gente aos cinemas, uma vez que a função do anti-herói é zoar, matar e não ser levado a sério. Com isso, é complicado imaginar o mercenário correndo atrás de uma invasão alienígena e salvando pessoas pelo seu altruísmo. 

O ponto negativo é que o filme pode cair nas mesmices das sequências hollywoodianas, explorar demais um universo só para ter mais filmes, não se focar tanto no roteiro e sim em cenas que não levam a lugar nenhum e mostrar muitos efeitos especiais desnecessários. 

Graças a Deadpool (2016), a FOX apostou alto em Logan (2017), virá um filme do Venom, ainda este ano e para maiores de dezoito anos, um novo filme do Hellboy para maiores e ideias vindouras para um filme do Lobo, personagem da DC Comics, que desde a década passada se fala para realizar. Como podemos ver, Deadpool abriu um mercado para um novo subgênero dos filmes de super-heróis e eles não são fotogênicos, felizes e amorosos, muito pelo contrário, esbanjam muita violência, são sanguinários e mostram como o mundo real pode ser cruel e nada fantasioso.

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