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Robert Pattinson é o novo Batman: saiba os motivos para celebrar

Ex-astro de Crepúsculo mostra que amadureceu como ator

POR PH DIAS

Robert Pattinson estreando em um filme de herói (Imagem: HN entertainment)

Quando se anunciou a escalação do ator Robert Pattinson para o papel de Batman, a internet foi à loucura. Os fãs do homem-morcego não conseguiam acreditar que um ex-Crepúsculo, filme muito discutido quanto à sua qualidade, poderia encarnar um dos maiores heróis de todos os tempos.

Porém, a reação foi muito exagerada. Robert Pattinson está longe de ser apenas aquele vampiro que brilhava à luz do sol e fazia caretas mal dirigidas. Ele se tornou um grande ator de filmes que não atingem um grande público, como também começou a trabalhar em projetos de diretores autorais, como David Cronenberg, James Gray, Ben Safdie e Joshua Safdie – películas que participam de grandes festivais de cinema, como os de Berlim, Cannes e Veneza.

Isso o afastou do grande público. Nesse sentido, não se pode culpar tanto esse desconhecimento da grande plateia, mas antes de criticá-lo veementemente, que se assista os seus trabalhos posteriores.

Abaixo, cinco papéis que mostram por que Pattinson é versátil em seus personagens, tem atuações seguras e, quando é coadjuvante, rouba a cena.

1. Cosmópolis (2012)

Eric Packer se “preparando” para a grande noite que é o centro da narrativa de Cosmópolis (Foto: eOne Films/Divulgação)

Antes mesmo de terminar as filmagens de “Amanhecer – Parte 2”, David Cronenberg – diretor dos clássicos “Senhores do Crime”, “A mosca”, “Scanners” – chamou o recente astro teen para um filme diferente. Interpretando o jovem bilionário Eric Packer – isso lembra algum personagem? –, a história gira em torno de um dia na vida do protagonista, na qual acontece casos beirando a loucura e à fantasia. É vista uma interpretação segura, a cena dentro do carro, em que Eric fica pensativo perante à longa noite que aproxima ele, é bem intuitiva para o que ia ser mostrado na história. Outra cena interessante é quando o seu personagem pega uma arma e quer usá-la por uma razão. Se na cena do carro ele está mais quieto, observando o vasto mundo que precisa descobrir. A cena da arma, vemos ele revoltado, mudado por conta de tudo o que aconteceu. É muito notório como ele soube dosar bem os momentos de virada do roteiro. Muito antes de encerrar o último filme da franquia Crepúsculo, o astro dava sinais de sua versatilidade em situações que exigia uma transformação de sua atuação.

2. The Rover – A Caçada (2014)

 Reynolds (Robert Pattinson) sem destino, seguindo a vida por conta de um acaso advindo de um mundo sem leis
(Foto: A24/Divulgação)
Estando agora em um futuro pós-apocalíptico no deserto da Austrália, no longa, Pattinson é o coadjuvante Reynolds. Em um filme  violento, maduro e pesado, o ator mostra bem sua experiência em situações dramáticas. A parte que mais condiz com essa ideia é quando ele está caído no chão, no início da obra, vendo um acontecimento, e Reynolds está cansado, com a língua para fora e respirando de modo ofegante, sem forças. Ele está anestesiado em meio a tanto caos numa civilização sem regras. Guy Pearce é o personagem principal Eric, ele tem seu carro roubado e vai em busca do único objeto que resta em meio ao nada. Eric parte para uma aventura perigosa levando consigo Reynolds. No decorrer da história, vemos transformações dos personagens e revelações impactantes sobre a vida deles. Os dois atores passam bem o ideal de antípodas, principalmente na cena em que eles fazem uma fogueira à noite e conversam sobre o mundo em que vivem. 

É perceptível o quanto que o ambiente molda as características de Eric (Guy Pearce) e Reynolds (Pattinson). O primeiro levava uma vida tranquila até acontecer o roubo do carro e se enfurecer. O segundo já era acostumado ao caos, agora, precisa se redescobrir nessa caminhada. The Rover é um bom exemplo em que Robert Pattinson não foi a atração principal, mas acabou roubando a cena em partes importantes da história. Robert Pattinson amadurecia como ator.

3. Z – A Cidade Perdida (2016)

 Aventurar-se pelo desconhecido mesmo que tenha graves consequências é o mote da dupla Perci e Henry nesta obra dirigida por James Gray (Foto: Imagem Filmes/Divulgação)
Ir em busca do desconhecido pode trazer consequências sérias, em pleno início do século vinte, a lenda sobre uma cidade da Amazônia banhada de ouro tomava conta em uma europa pós-primeira guerra. O explorador Percy Fawcett (Charlie Hunnan) se interessou pelo desconhecido junto com seu ajudante Henry Costin (Robert Pattinson). Trabalhando sob a direção de James Gray, um dos diretores mais criativos e bem visto pelos críticos. A sintonia entre os atores é muito nítida, principalmente, por meio dos diálogos. A conversa entre Percy e Henri, no coração da floresta, falando sobre as motivações pessoais, os perigos advindos do inexplorado, comprova o fato. Pattinson tem o controle do seu papel, além de cenas mais calmas como o do diálogo, a obra têm partes aventurescas mais realistas, mostrando arranhões, sangues, feridas. Com Pattinson se saindo muito bem nesse quesito. Algo que ele precisa entender para fazer as cenas de ação do filme do homem morcego. O novo Batman não é o principal de Z – A Cidade Perdida, mas é muito bem lembrado.

4. Bom Comportamento (2017)

O olhar foi um marco nesta forte atuação de Pattinson (Foto: Paris Filmes/Divulgação)
Uma ideia perigosa, mas para quem não tem nada, por que não se arriscar? Esse conceito molda Constantine Nikas (Robert Pattinson). No filme dos irmãos Safdie, temos uma das melhores atuações na carreira de Pattinson, aqui, ele usa bem as feições (olhar torto, a cara de desespero, felicidade). Exemplo disso está na cena em que Nikas é levado pela polícia, mostrando a fisionomia intrigante, cansado das injustiças que tomaram conta da sua vida. Além disso, quando seu irmão é levado pela polícia, nos é mostrado um exercício de personalidade forte. O próximo alvo é Nikas. Ter um bom comportamento perante a isso tudo, é um desafio. Robert Pattinson demonstra isso como ninguém.

5. High Life (2018)

Uma atuação mais humanizada de Pattinson neste filme “espacial” (Foto: A24/Divulgação)

Dirigido pela francesa Claire Denis, High Life é um estudo do personagem Monte (Robert Pattinson), um criminoso, que aceita participar de uma missão espacial, fica preso no espaço, tentando sobreviver nesse isolamento. Aos poucos, Monte vai sofrendo com esse trauma, a loucura e a esquizofrenia de estar sem ninguém, a exceção de um bebê. Quando a tempestade atinge a nave, Monte vê seu mundo desabando, de novo, se perdendo para o medo do desconhecido. A criança que nasce durante a expedição, mostra um propósito na sua vida tão só. Performance impecável do ator.

Vale salientar que seu último filme, The Lighthouse (2019), ganhou o prêmio da crítica no Festival de Cannes, e sua atuação mais uma vez foi destaque, sendo que ele não é o principal do longa. 

E o ator não para de trabalhar, já tem projetos confirmados para o próximo ano como o novo filme do Christopher Nolan, e do diretor colombiano Ciro Guerra.

Filmes de qualidade e personagens com personalidade forte, dirigidos por cineastas talentosos, demonstraram que o mesmo vampiro que brilhou na luz do dia, pode se esconder na escuridão vestido de morcego, atormentado com a perda dos pais e da criminalidade de Gotham.

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