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A crítica do filme mais divertido da DC: Shazam!

DC mostra que leveza e otimismo podem ser o futuro do seu universo cinematográfico

POR PH DIAS

Foto de divulgação do filme Shazam! (Foto: Warner Bros.)

Shazam!” é diferente:um filme leve, otimista e para a família, o que faz dele algo único para o histórico da Warner/DC. O Universo Cinematográfico da DC (DCEU) começou com problemas para encontrar o seu tom, mas o novo filme mostrou que é possível ser excêntrico e ter qualidade.

A história é bem simples: um garoto órfão, que não consegue se adequar a nenhuma família, é escolhido para ficar com os poderes do poderoso mago Shazam. Então, só basta ele falar a palavra “Shazam!” que um raio o transforma em um herói adulto.

A atmosfera, a leveza e as situações orgânicas construídas pelos personagens principais fazem a obra funcionar como um todo. Principalmente para quem é fã dos filmes de fantasia da década de oitenta, por exemplo: “Quero ser Grande” (1988), da diretora Penny Marshall, com atuação de um jovem Tom Hanks em ascensão. “Shazam!” consegue prestar essa homenagem, capta o espírito dos longas dessa época e é um tiro certeiro.

David F. Sandberg, diretor do bom “Quando as luzes se apagam” (2016), filma de modo lúdico, facilitando a atuação do seu elenco mais jovem. Um exemplo são as boas cenas em família, que dão o tom aos personagens. Shazam! é uma história orgânica que caminha, até o terceiro ato, com suas próprias pernas.

Cena do trailer de Shazam! (Foto: Divulgação)

Os jovens atores são a alma da obra: Asher Angel (Billy Batson) é um garoto problemático em busca da mãe; Jack Dylan Grazer (Freddy Freeman) é o irmão fanboy que ajuda na construção do caráter do personagem principal. Já Faithe Herman (Darla Dudley) rouba a cena, fazendo o papel de irmã carinhosa que gosta de ver toda família unida. Ian Chen (Eugene Choi) e Ava Preston (Interviewee), cada um ao seu modo, dão a sua contribuição. Apenas Jovan Armand é pouco explorado.

O elenco mais velho não passa em branco. Zachary Levi (Shazam, no qual Billy se transforma) entendeu o estilo do personagem e da obra. Com carisma e atuação fácil em situações de humor, ele domina as telas. Mark Strong (Dr. Silvana) também encontrou o tom certo. Ele veste a clássica camisa de uma pessoa mau por natureza, o que o torna, de maneira proposital, um vilão caricato. No entanto, dentro da proposta da obra, funciona muito bem.

O longa metragem tem falhas de roteiro. A “jornada do herói”, termo que designa a evolução do personagens nos primeiros filmes, não convence. A narrativa passa pelo clichê do “com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades”, usado no primeiro Homem-Aranha e que virou febre nos filmes do gênero. Em resumo: o roteiro escrito por Henry Gayden ficou preso a esse estereótipo. Muito pouco para uma película tão diferente dos demais longas da DC.

Outro problema do roteiro é que Gayden tenta emplacar algumas situações que não se encaixam na narrativa. Isso fica claro na hora que Billy Batson precisa resolver o seu conflito essencial: a jornada em busca da mãe. Prático demais, o roteiro solto não captura o espectador. Tudo isso é piorado pela montagem do filme.

Apesar disso, em um universo cinematográfico que começou rodeado de incertezas, existe uma certeza: é possível fazer filmes diferentes que trazem qualidade e uma humanização maior para um vasto mundo de personagens tão diferentes entre si. “Shazam!” é a prova disso.

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