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Ricos de Amor: romântico e social

POR GABRIELLE BORGES

Pôster do filme Ricos de amor (Foto: Reprodução/Netflix)

Bruno Garotti é um cineasta brasileiro conhecido por produções teen, como Eu Fico Loko e o mais recente Cinderela Pop. Desta vez, traz para o streaming uma comédia romântica que abrange tanto o público adulto quanto o mais jovem. Simples, cativante e com uma história de amor voltada para os dias atuais, o filme Ricos de Amor, produção original brasileira da Netflix, é um clichê romântico com temas relevantes e necessários.

O filme tem como um dos cenários escolhidos a cidade do interior do Rio de Janeiro, a Paty dos Alferes, que tem como um ponto chave para o enredo a famosa festa do tomate. O evento, que acontece todo ano, marca o encontro inicial da história de Teto (Danilo Mesquita) e Paula (Giovanna Lancellotti), o casal protagonista. Com uma pegada do interior, a produção mostra a bela cidade e a paixão do protagonista pelo campo e o som sertanejo.

Além disso, Ricos de Amor também mostra a evolução do personagem principal. Já que no começo do filme tudo o que se pode pensar é: o que esperar de alguém que não precisa se esforçar para conseguir seus objetivos na vida?

Teto é um garoto mimado e sem qualquer responsabilidade, que espera herdar o reino do pai, o famoso Rei do Tomate. Mas o seu pai Teodoro (Ernani Moraes) tem outros planos para o filho. Cansado das atitudes infantis do herdeiro, ele resolve dar de presente de aniversário um cargo na sua empresa para prepará-lo para assumir futuramente os negócios da família, que não é levado muito a sério pelo rapaz, que só tem tempo para festas e mulheres. A festa de aniversário vai levá-lo para um caminho diferente e inesperado e que vai marcar o amadurecimento do personagem.

Paula, diferente de Teto, é uma garota responsável e comprometida com seu futuro na carreira de medicina. Junto com suas amigas Kátia (Jeniffer Dias) e Raíssa (Bruna Griphao) divide um apartamento, estuda e faz estágio. Mas o sonho de fazer residência no hospital pode ser atrapalhada pelo médico Vitor (Caio Paduan). Claramente assediada dentro da unidade, ela tenta da melhor forma possível fugir da situação para não comprometer o seu sonho. O longa mostra de maneira leve o assédio sexual, que tantas mulheres sofrem e por vezes ficam caladas para não se prejudicar.

E é no embalo do som eletrônico de Alok que os casais protagonistas, tão diferentes entre si, se encontram. Acostumado a ser bajulado e reconhecido por onde passa, Teto se depara com uma situação diferente quando conhece Paula, que o trata como uma pessoa comum, logo despertando o interesse do rapaz. Sem saber de que se trata do filho do Rei do Tomate, a futura médica é enganada acreditando que se trata de um garoto simples do interior. A partir do encontro, o protagonista resolve que vai conquistar de qualquer forma o amor de Paula.

No meio dessa mentira, o futuro herdeiro envolve o seu melhor amigo Igor (Jaffar Bambirra), que é responsável e estudioso. O plano é que eles troquem de identidade e o jovem amigo acaba por aceitar a proposta de Teto, pois vê uma oportunidade de conseguir seus objetivos, como estudar para passar no vestibular. Motivados, os dois partem para o Rio de Janeiro onde vão trabalhar para conseguir a vaga na Empresa Trancoso. Dessa forma, Teto mostra para o pai que mudou e acaba conquistando Paula, dando início a um relacionamento no qual o rapaz foca no personagem de menino do interior que veio tentar a sorte na cidade grande. Mas a mentira pode ter consequências.

Um ponto interessante do filme é que além do assédio sexual, ele abrange questões sociais. Uma delas é apresentada pela personagem Monique (Lellê), garota negra de região pobre do Rio de Janeiro que trabalha para sustentar sua irmã doente e seu sobrinho. Ela acaba sendo demitida da empresa trancoso para abrir vaga para o herdeiro. Mesmo tendo um currículo melhor, não escapa da demissão. É um retrato social do Brasil: o preto e pobre que mora na periferia precisa estudar para conseguir cargos melhores, mas, mesmo assim, muitas vezes é humilhado e demitido do emprego.

Ricos de amor traz um enredo repleto de clichês românticos e a química entre os atores principais faz com que o público torça para que os dois fiquem juntos. Mesmo contando com uma trilha sonora de um dos DJs mais famosos do mundo, Alok, o filme deixa a desejar por não trazer mais músicas nacionais. Com elenco que conta com Fernanda Paes Leme e Marcos Oliveira, o eterno Beiçola do seriado A Grande Família, a produção acerta e traz para o público um grande elenco com atores consagrados, mas erra em ter mais pessoas brancas compondo a produção, limitando a apenas duas personagens negras.

O longa de Bruno Garotti mostra uma história já conhecida e batida, mas inova em mostra temas relevantes para sociedade: assédio sexual, feminismo e desigualdade social, mesmo podendo ter trabalhado melhor a questão racial. Por fim, Ricos de Amor é um clichê romântico necessário.

Pôster do filme Ricos de amor (Foto: Reprodução/Netflix)

Elenco do Filme, da esquerda para direita: Jaffar Bambirra, Fernanda Paes Leme, Ernani Moraes, Danilo Mesquita, Giovanna Lancellotti, Jeniffer Dias, Bruna Griphao e Lellê
(Foto: Mariana Vianna/ Netflix)

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