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Liga da Justiça - Crítica

Por Luiz Gustavo Ribeiro


Após a tragédia em Esquadrão Suicida (2016) e dividir opiniões em O Homem de Aço (2013) e Batman vs Superman (2016), em 2017, o jogo começou a virar para a DC Comics, primeiro com Mulher-Maravilha e agora com Liga da Justiça.

Cercado de preocupações, desta vez o diretor Zack Snyder apresentou um filme mais equilibrado e simples, diferente da complexidade apresentada nos filmes anteriores. A mescla entre a visão dos roteiristas Chris Terrio e Joss Whedon e do diretor agradaram, trazendo um novo tom ao Universo Cinematográfico da DC, porém a trama não toma grandes riscos - um dos aspectos que mais caracterizou BvS.

Apesar da rápida apresentação dos personagens, o roteiro conseguiu introduzir os novos integrantes do universo de uma forma direta e clara, deixando em aberto brechas para futuros filmes solo dos heróis. De certo modo, a edição favoreceu para o bom andamento do primeiro ato com cortes precisos nas cenas com frases de impacto, que não afetaram o desenvolvimento da trama.

Após tanta expectativa, sim, a equipe funciona - e muito bem. Um novo Batman (Ben Affleck) foi apresentado, para alguns o novo jeito do morcego causou um pouco de estranhamento, já que está mais leve e engraçado. Apesar dessas mudanças, o Batman continua sendo marrento e um líder nato, cada vez mais semelhante aos jogos da série Arkham, usando todo seu arsenal de gadgets e veículos, disposto a arriscar sua própria vida em situações extremas.


Responsável por juntar a equipe ao lado do Cavaleiro das Trevas, a Mulher-Maravilha (Gal Gadot) continua a mesma de seu filme solo, representando a ética e a moral da equipe, servindo como o ponto de equilíbrio e colocando os “pés no chão” em relação às atitudes propostas pelo Batman. Além disso, a dupla protagoniza os melhores diálogos, muitos provocam certas tensões amorosas entre os personagens.   

Em dado momento de Liga da Justiça, Superman renasce

Dentre as três novas adições, quem mais me surpreendeu foi o Cyborg (Ray Fisher). Desde o drama na sua apresentação até a importância do herói no último ato, apesar de ser jovem e de ter atuado com muita computação gráfica, Ray Fisher conseguiu expressar e utilizar muito bem a carga dramática do herói que ele ali interpretava. Mesmo sendo a parte psicologicamente mais tensa da trama, o Cyborg não fica atrelado a isso o tempo inteiro e consegue ser leve, a começar a aceitar e entender o novo propósito de sua vida.

O alívio cômico do filme, como já era esperado, se chama Flash (Ezra Miller). O Barry Allen dos cinemas é bem humorado, inocente, em alguns momentos chega a lembrar Wally West (o outro Flash/Kid Flash). O personagem não teve uma apresentação muito aprofundada, apesar de citar momentos de sua história e ter cenas de interação com seu pai. Ezra traz para o seu personagem um herói que é engraçado não por suas piadas, mas por seu jeito de ser, o ator transmite a sensação de que o Flash é gente como a gente.

Showman e responsável por reconstruir a imagem de um herói, o Aquaman (Jason Momoa) é um ponto positivo para o futuro do universo. Marrento, forte e insano, o novo bad boy dos cinemas mostrou seu potencial e esbanjou carisma em suas cenas de ação e de interação com equipe. Em sua apresentação deixa evidente que em 2018 o seu filme solo será como um filme de origem, já que ele nega o trono e vive afastado de Atlântida.

Para completar a equipe, eis que surge o Superman (Henry Cavill). Um dos pontos mais fortes do filme, apesar do pouco tempo de tela. O herói retorna em grande estilo, relembrando os bons tempos dos quadrinhos e de Christopher Reeve. Esperançoso, heroico, o altruísta que ajuda os civis, além de estar mais forte do que nunca, o Superman traz elementos básicos e clássicos, como o sopro de gelo e aquela velha corrida abrindo a camisa.

Liga da Justiça abre brecha para expandir o universo cinematográfico da DC

Agora vamos ao ponto mais fraco da história. Genérico, o vilão foi mal aproveitado no filme. A única utilidade do Lobo da Estepe é ser o motivo de reunir uma super equipe para enfrentar uma força maior que aterroriza a Terra. Além de ter a personalidade fraca, o vilão não apresenta carisma e nem é bem feito visualmente. Porém, o Lobo da Estepe cumpre sua função, que é simples: ele só tem o propósito de destruir e provocar o caos. Apesar disso,  o longa peca em não introduzir muito a relação do caos com a população da Terra, pouco é explorado desse fator e isso deixa de abrilhantar a criação de Jack Kirby nos cinemas.

Outro ponto fraco foi a utilização da trilha sonora. Não, ela não é ruim. Ela só não é marcante quanto à trilha principal da Mulher-Maravilha que nunca saiu da minha cabeça. Além disso, a utilização das trilhas clássicas do Superman e Batman dão um gosto nostálgico, mas deixam mais um desejo de quero mais do que de satisfação, passando quase que imperceptíveis. A computação gráfica deixou a desejar em alguns momentos também, como o visual do vilão e na hora de esconder o bigode Henry Cavill, porém a beleza visual supera qualquer erro.

Apesar de o Lobo da Estepe não ser o melhor dos vilões, é contra ele que a melhor cena de ação do filme acontece. A cena ocorre em Themyscira, quando ele vai buscar a Caixa Materna guardada pelas Amazonas. Em síntese, as cenas de ação continuam muito boas, inclusive a câmera lenta se mantém presente em várias situações, garantindo a marca de Zack Snyder. Cada personagem tem seu momento de ação e sua função na equipe, os heróis conseguem lutar verdadeiramente como um time. Um ponto positivo em relação a essas cenas é a forma padrão com que a Liga luta desde o início contra os Parademônios até a ameaça final; em todo momento a força é uniforme, sem aquele clichê de guardar algo especial para usar no final.


Liga da Justiça é um filme bem dosado. Sério e cômico, direto e simples, não toma grandes riscos, mas também não apresenta grandes erros. É leve e não tenta fazer graça gratuita, tenta ser divertido. O filme possui boas referências, as duas cenas pós-créditos são a prova disso. Acredito que poderia ser mais extenso, focando mais na apresentação dos novos heróis e colocando as cenas que foram retiradas e que estavam nos trailers. Em síntese, 2017 foi um divisor de águas na DC, as coisas começam a se acertar e o futuro promete. Como disse a Mulher-Maravilha, a mesa da justiça ainda só contém seis cadeiras, mas deve ter espaço para muito mais.  

Um comentário:

  1. Eu não entendo porque DC não pode melhorar seus vilões. Ele se concentra tanto nos heróis que negligencia os bandidos e eles são terríveis. Tudo, Gal Gadot era o que eu amava. ela esta impecável, e o filme filme a mulher maravilha que foi lançado em 2017 gostei muito. Ela sempre surpreende com os seus papeis, pois se mete de cabeça nas suas atuações e contagia profundamente a todos com as suas emoções. O ritmo é bom e consegue nos prender desde o princípio O filme superou as minhas expectativas, o ritmo da historia nos captura a todo o momento.

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