Assassinato no Expresso do Oriente - Crítica
Sempre vai haver um
meio termo
Por PH Dias
Hercule Poirot (Kenneth
Branagh) é um dos melhores detetives do mundo, sua técnica em ver a visão
diferente nas coisas comuns é eficaz, fazendo-o ser reconhecido como um dos
personagens mais famosos da literatura policialesca e da obra literária de Agatha Christie.
Nesta obra, vemos uma
quebra do paradigma desse personagem. Pois, no começo do filme é mostrado um
personagem muito bem explorado pelos seus jeitos e manias que o tornam peculiar.
Já no final é explicitado uma mudança de atitude guiada por meio da resolução do
crime no expresso do oriente. Ou seja, o roteiro escrito por Michael Green é formidável quanto à questão
de dar tempo de tela para um elenco inchado e, ao mesmo tempo, conseguir focar
na elaboração do motivo de alguns personagens terem cometido essa adversidade.
No tempo certo, ele consegue guiar a trama para que ela não fique confusa,
porém dando um clima de suspense trabalhado com eficiência e detalhado à cada
prova encontrada pelo detetive, que é tão bem desenvolvido que chega ao ponto
de ser uma pessoa diferente no final do longa.
Com um elenco
estrelado, Kenneth Branagh acerta em
filmar todos os personagens a partir de suas peculiaridades, como também dar um
tempo certo para cada um se desenvolver, entretanto focando mais em outros. A
equipe como um todo está muito bem, o destaque fica para o Poirot (Branagh),
por meio das atitudes nada convencionais do seu personagem, bem como até sua
maneira de falar igual aos romances da autora. Michelle Pfeiffer (Caroline Hubbard) também consegue dar o ar de
mistério para sua personagem e também ser uma mulher que sabe conversar bem,
sendo atrativa pela sua elegância e mais incisiva quando precisa ser. Em
determinado segmento da obra, a atriz consegue imprimir uma versatilidade
incrível.
Hercule Poirot (na foto) é um famoso detetive criado por Agatha Christie. |
Josh
Gad
(Hector MacQueen) também dá um bom ar de mistério e arrependimento às situações
criadas pelo filme. Daisy Ridley (Miss
Mary Debenham) sensibiliza bem com as nuances do personagem, principalmente nos
diálogos com o Poirot, e Johnny Depp
(Edward Ratchett) atua bem fazendo um homem perigoso, misterioso e que não
consegue as coisas de maneiras lícitas. De resto, cada um tem uma ponta, vale a
pena ver as cenas com a Penélope Cruz
(Pilar Estravados) e o Leslie Odom Jr.
(Dr. Arbuthnot).
A fotografia do filme
mostra o clima da trama e o que esses personagens vão enfrentar, dando um sinal
de um filme de época. Por isso, Haris
Zambarloukos escolhe cores mais vibrantes com uma atmosfera mais quente nas
cenas iniciais em Jerusalém, e nas cenas do trem e de Londres escolhe cores
mais frias, trazendo um clima de que algo não vai ficar bem. Nesse sentido, a
fotografia casa bem com a proposta do longa-metragem.
No fim, Assassinato no Expresso do Oriente é bem
construído e explicado, principalmente quanto aos motivos que levaram ao crime.
Os espectadores vão entender o porquê de tal ato ter sido cometido. As
consequências de algo que destrói a alma podem deixar marcas nas pessoas,
mudando até o jeito de encarar a realidade e perceber que a vida não é algo
perfeito e feita de extremos, e sim algo muito mais profundo.
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