Campus Party Natal: Resonance - The Lost Score: um papo sobre carisma, desenvolvimento de jogos digitais e empreendedorismo
Por Luiz Gustavo Ribeiro
Um jogo de videogame é capaz de transmitir diversos sentimentos. Cada detalhe envolvido nas produções artísticas e técnicas tem o poder de emocionar, além de refletirem diretamente na empatia gerada pelo público. Seguindo essa temática, no primeiro dia de programações oficiais da Campus Party Natal, Robson “Talbone” Marques ministrou a palestra “Transmitindo Carisma pelo Movimento: Animação 2D para Jogos” no Palco Creativity & Games.
Robson Marques. Foto: Clércio Rodrigues. |
Um breve histórico…
“Desde pequeno eu sempre fui ‘rato de computador’, jogos nunca foram estranhos pra mim e sempre que eu jogava, ficava imaginando ‘essa fase poderia ser diferente’, então isso sempre me despertou muita vontade em fazer jogos”. Movido pelo desejo de construir suas próprias histórias e por sua afinidade com os desenhos, Talbone iniciou sua trajetória utilizando o RPG Maker, programa responsável por mostrá-lo que ele tinha capacidade de criar seus jogos.
“Eu me especializei no Pixel Art e fui crescendo, passei para ilustração, depois 2D, depois 3D, hoje eu sou generalista, toda a direção de arte da Demerara Games sou eu que faço; eu sou autodidata. Gosto de falar que você não precisa fazer um curso, fazer uma faculdade para criar jogos, o que você precisa é fazer jogo para poder fazer jogo, essa é a verdadeira faculdade”, conta Talbone.
Como ele mesmo diz: ninguém faz jogos sozinho. O animador entrou no curso de Jogos Digitais na UNP com o intuito de expandir seus horizontes e fazer network com profissionais e desenvolvedores da área. Junto a três amigos, Talbone criou a Demerara Games, desenvolvedora potiguar de jogos digitais. Com menos de um ano no mercado, a empresa já começa a acumular seus primeiros produtos no mercado e a bola da vez agora é o jogo “Resonance -The Lost Score”.
O jogo, o protagonista e a palestra
Em 2017, o jogo surgiu na Global Game Jam, como de costume o evento propõe um tema aos seus candidatos e eles devem desenvolver um jogo completo em 48h. O tema da GGJ 2017 foi ‘ondas’ e a equipe da Demerara decidiu usar as ondas sonoras como referencial para seu produto. Após receber feedback de usuários na Big Festival e participar da BGS (Brasil Game Show), a Demerara concluiu que seu jogo de 10 fases não era o suficiente para encontrar o sucesso desejado pela desenvolvedora e eles decidiram recomeçar.
Para Talbone, o recomeço deveria ser mais do que reformular o que já tinha sido feito, a nova fase deveria ser mais complexa, começando por um bom roteiro, além de parcerias e novos planos para transmídias como uma série animada no Youtube e uma soundtrack do jogo em plataformas de streaming.
“O jogo se passa em um mundo fictício, em que toda a tecnologia desse mundo foi construída baseada em cristais com formas de notas musicais; os cristais possibilitam que as pessoas utilizem a própria voz para gerar energia, é tudo na base do ‘grito’ - será um jogo com um viés para a comédia - então imagine um engarrafamento com todo mundo gritando no volante para o carro andar, não por xingamento; esses cristais são a fonte de poder dessa energia”, explica Talbone.
Segundo o animador, o vilão principal do jogo não tem motivos ruins, seu único desejo é dormir, mas ele não consegue porque as pessoas estão gritando o tempo todo. “Ele fica muito irado com isso e tem sete irmãos mais novos, - referentes às sete notas musicais, além dos sete cristais e cores. Ele rouba todos os cristais e dá um para cada irmão, manda eles se espalharem pelo mundo para que ele volte a dormir. Cada um desses irmãos vai para um lugar diferente.”
Os locais tem uma ambientação específica relacionada a um gênero musical referente à soundtrack. O primeiro mundo é o tutorial, um templo antigo que é maior dentro do que fora, uma dimensão paralela ao som de músicas como ‘Macintosh Plus’. O segundo mundo é uma floresta ao som de hip hop; o terceiro mundo é uma caverna, onde mineram todo tipo de cristal e nessa mina será o country; o quarto mundo é o vulcão com heavy metal; o quinto mundo é um deserto com o reggae; o sexto uma área de neve com música eletrônica; por fim o ‘final boss’, com o irmão mais velho, que é em um castelo com música clássica.
“Todos os irmãos têm características e personalidades, construímos um ‘back stories’ deles e o mundo tem ambientações específicas de acordo com os gêneros. Teremos a série e a soundtrack dos mundos, com as músicas compiladas, vamos colocar em Spotify, Deezer, essas coisas”, completa Talbone.
Durante a palestra, Talbone apresentou os 12 princípios clássicos da animação. Para ilustrar suas falas, ele utilizou Wez, o protagonista do Resonance. O personagem é o estagiário do laboratório que desenvolveu a tecnologia do mundo fictício e recebe a missão de solucionar os problemas da falta de energia. O desenvolvedor contou aos presentes como foi o processo de criação do personagem e as mudanças que foram feitas para que Wez ficasse mais fofo e carismático, já que na sua primeira versão o personagem tinha características visuais controvérsias, inicialmente o personagem era carismático, mas ao longo do jogo os usuários começaram achar sua feição psicótica. Para o animador, esse carisma é conquistado pelo movimento, cada detalhe é essencial para o sucesso, tendo como principal foco a ‘encenação’ - referente a representação que a silhueta da animação passa - e o ‘exagero’, dois dos doze princípios.
“Resonance - The Lost Score” deve chegar ao mercado em breve, por enquanto Talbone confirma o jogo nas plataformas: Steam (PC) e Xbox - no console o jogo deve sofrer alterações, já que a mecânica do uso da voz deve ser retirado.
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