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Nina Cried Power: a abertura da nova era musical de Hozier

Por Ana Flávia Sanção


Homenagem aos grandes nomes da música e paráfrases bíblicas e poéticas são os principais elementos do novo EP, Nina Cried Power, do cantor irlandês Hozier, lançado em 6 de setembro. Após cinco anos do lançamento de Take me to Church, música que o fez famoso, Hozier volta com um EP de quatro músicas, um prelúdio, segundo o próprio, do que está por vir no segundo álbum.

Dentro de uma indústria que exige cada vez mais as letras rasas e as batidas grudentas, Hozier não mudou simplesmente nada no seu estilo de compor  a primeira boa surpresa do EP. Aquilo que o fez famoso — as críticas à sociedade, principalmente à religião, o rock alternativo com uma pegada de soul, jazz e blues — continua o mesmo.


A primeira música, Nina Cried Power, que dá título ao EP, é uma colaboração com a cantora norte-americana Mavis Staples. Melodia de batida mais e forte e letra que enaltece as razões e não as causas. No refrão, o enaltecimento de grandes nomes da música como James Brown, Nina Simone e John Lennon. Hozier cita pelo menos dez artistas em toda a música, incluindo sua colaboradora Mavis.

NFWMB (No ones fucks with my baby) é uma acústica que lembra muito a melodia da música It Will Come Back, do seu primeiro CD. Como sempre, as músicas românticas mais profundas são carregadas de um sentimento mais pesado, às vezes quase fúnebre, como no single Work Song. As referências religiosas também não faltam - já na primeira estrofe, os versos "When I first saw you, the end was soon. To Bethlehem, it slouched and then must’ve caught a good look at you" fazem referência à cidade sagrada de Belém.


A terceira música, Moment’s Silence (Common Tongue), tem a letra mais intrincada de todo o EP. Com trechos que evocam metáforas religiosas e desejo físico pela pessoa amada, ela avança com versos profundos e poéticos, ora exaltando o desejo carnal, ora criticando suavemente a posição religiosa sobre relações amorosos.


Shrike (“picanço”) fecha o EP. Uma melodia que lembra os singles Cherry Wine e What People Do, a música faz lembrar de um filme bucólico nas colinas verdes e abertas do interior da Irlanda. Por mais leve que a música seja, fala de uma pessoa que foi deixada e destroçada por aquele que ama.


Quase como poesia, as letras e melodias de Hozier trazem mensagens profundas. Se o segundo CD completar as expectativas trazidas pelo EP, podemos garantir mais um ano com um grande adicional à música contemporânea.



Escute Nina Cried Power: 



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