Mercado de Quadrinhos: Cuscuz HQ aborda o tema que preocupa os leitores natalenses
Por Leonardo Figueiredo
A 6ª edição do Cuscuz HQ ocorreu
no último sábado, 5 de agosto, e logo no primeiro momento de mesa-redonda já
foi possível observar a qualidade da organização do evento e o compromisso
sério que os envolvidos possuem com os quadrinhos.
O tema da mesa foi o “O Mercado
de Quadrinhos em Natal”, conduzida por três grandes colecionadores: Dickson,
que é design e teve sua tese de mestrado pautada no Batman; Erinaldo, que
trabalha na área e enxerga de perto as dificuldades locais e Tiago Gomes, que é
dono da Pandora Geek, uma das poucas lojas de quadrinhos na cidade atualmente.
A conversa foi rodeada pela
nostalgia. Os três palestrantes lembraram-se das suas trajetórias como
colecionadores e também das boas bancas que infelizmente tiveram de fechar suas
portas, como a banca do Nordestão da Salgado Filho. O relato deles, envolto por
alegria e tristeza, transportaram os ouvintes a uma Natal que já não existe
mais. Segundo os três, muita coisa era distribuída em pouca quantidade devido a
irregularidade e alguns itens jamais chegaram à capital potiguar, fazendo com que
o leitor natalense não tivesse a liberdade de ler o que queria.
Durante a conversa, Erinaldo
falou que a situação hoje é difícil, mas ainda está melhor que 20 anos atrás.
Algumas microempresas têm se levantado para unir colecionadores e admiradores
de quadrinhos, e um desses casos é a Pandora Geek, localizada na zona norte de Natal. Tiago, 33, responsável pela
Pandora, disse que a loja está em funcionamento acerca de seis meses e que, por
ser colecionador, conhece o gosto e a preferência do consumidor e acredita que os
filmes são uma boa mídia para atrair o público para os quadrinhos. Entretanto,
ainda assim existem dificuldades.
Tiago Gomes, dono da Pandora Geek. Foto: Ricarla Nobre. |
“Quando começamos há seis meses,
outras lojas de quadrinhos estavam fechando. Então eu pensei que o negócio não
estava bom. Nossa proposta inicial era vender apenas online e criamos um
delivery de HQ. As pessoas faziam o pedido e nós fazíamos a entrega, e foi
dessa forma que eu conquistei os clientes. E com o passar do tempo, a pedidos,
abrimos a loja física. Estamos nos mantendo até agora devido a esse
diferencial”, relatou Tiago.
O empreendedor ainda admitiu que
a Internet traz outro grande obstáculo, pois as empresas multinacionais fazem
muitas promoções e sequer há como competir. E os próprios colecionadores também
se tornam concorrentes, uma vez que compram e revendem os quadrinhos. Contudo,
diante de tudo isso, Tiago permanece otimista e acredita no que a Pandora tem a
oferecer ao público natalense.
“Quando trabalhamos com algo do
mundo nerd/geek é porque gostamos e nos identificamos, e queremos levar
experiência ao público. O cliente vai a uma loja e não quer apenas comprar. Na
Pandora, por exemplo, temos cartazes de filmes e acaba se tornando um ambiente
legal para conversas. E, sempre em algum momento, o cliente terá um brinde ou
participará de sorteios. Toda semana temos produtos novos e essa é uma forma de
manter o consumidor”.
Iniciativas como o Cuscuz HQ é
prova de que Natal tem um público fiel e sedento por quadrinhos, e empresários
como Tiago reforçam a ideia de que é possível enxergar um belo futuro para esse
mercado em Natal. E, no que depender dos fãs, esse é um sonho que não morrerá
tão cedo.
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