Novidades

Stranger Things: 2ª Temporada - Crítica

Quando a mitologia se expande e torna a obra mais memorável 

Por Leonardo Figueiredo e Marcelha Pereira 


O mistério começou quando o jovem Will Byers (Noah Schnapp) desapareceu de maneira macabra. A cidade inteira inicia uma busca pelo menino perdido, enquanto seus amigos – que também querem ajudar a encontrá-lo – embarcam por um caminho de investigação, suspense, terror, conspiração e elementos sobrenaturais ao lado de uma garota com habilidades psíquicas. Tudo isso envolto por um ambiente saudosista, remetendo a clássicos como E.T., Conta Comigo e Os Goonies. Essa é a grande aventura dos maravilhosos personagens da tranquila cidade de Hawkins.

Uma das produções da Netflix que mais se popularizou e gerou seguidores por todo o mundo definitivamente é Stranger Things, que teve uma estreia tímida em sua primeira temporada. No entanto, bastava o espectador dar uma chance para se encantar e se ver fisgado por uma trama na qual todos os segmentos são úteis e trabalham em harmonia. Era óbvio que a segunda temporada teria que manter o padrão e, quiçá, superá-lo.

A nova jornada de Mike (Finn Wolfhard), Lucas (Caleb McLaughlin) e Dustin (Gaten Matarazzo) tem início nas vésperas do Halloween de 1984, um ano depois da primeira temporada. Apesar de Mike sentir falta da presença de Eleven (Millie Bobby Brown), a vida aparentemente voltou ao normal para o quarteto de amigos. Com exceção de Will, que agora tem visões estranhas do Mundo Invertido, a outra dimensão que habita criaturas nefastas. E esse é o ponto de partida para o segundo ano.


Os irmãos Duffer, criadores da série, potencializaram o que a obra tinha de melhor na primeira temporada. Aqui se tem mais espaço para explorar novos personagens e seus respectivos dramas, e as referências aos anos oitenta não poderiam deixar de faltar: Os Caça-Fantasmas, O Exterminador do Futuro, Madmax, a trilha sonora, os jogos, são componentes que ajudam a compreender o contexto histórico e a rechear a narrativa com o sentimento de nostalgia.

No quesito roteiro, os irmãos Duffer se revelaram ousados. Sabendo do sucesso que a série obteve, eles optaram por construir o suspense de forma lenta, de modo que os três primeiros episódios são reservados para explicações e criação de expectativa e, assim, permitindo que a trama apenas decole entre o quarto e quinto capítulo. Alguns arcos, como de Dustin e Dart, e Nancy e Jonathan, podem parecer insignificantes em alguns aspectos, mas possuem funções importantes à medida que a história avança. 


Algo que chama a atenção nesta nova temporada de Stranger Things é a evolução de alguns velhos personagens. Noah Schnapp, que interpreta Will Byers, tem importante papel na construção do enredo e não deixa a desejar na sua atuação. Ele soube envolver e convencer o espectador nos momentos de medo e apreensão. Há uma cena que ele tem uma crise que é incrível.

Outro personagem que demonstra um ótimo desenvolvimento é Steve Harrington, interpretado por Joey Keery. Desde o final da primeira temporada ele mostrou certa mudança na sua conduta, porém fica mais evidente na segunda as transformações do seu personagem. A prova disso é a forte ligação que o Steve desenvolve com Dustin ao ajudar os garotos em mais de uma situação, algo que pegou a todos de surpresa. É satisfatório ver o quanto o personagem lutou para defender e ajudar os meninos, deixando de lado algumas questões próprias.

Não é preciso dizer o quão bem Millie Bobby Brown interpreta a Eleven, já que foi uma das personagens mais comentadas na temporada anterior. Felizmente, nesta segunda temporada há o aprofundamento no passado da El e alguns segredos são revelados, mostrando o quão excepcional a Millie é ao interpretar a nossa crazy friend. Com destaque para as cenas em que ela aperfeiçoa o uso de seus poderes, o que demonstra que a personagem está se descobrindo pouco a pouco.  


Os novos personagens não ficam para trás, com ótimos intérpretes. Contudo, Bob (Sean Austin, que por sinal fez parte do elenco de Os Goonies) é o novato que tem mais relevância e carisma. Max (Sadie Sink), a garota que desperta interesse em Dustin e Lucas, poderia ser melhor aproveitada no enredo, já que ela parece ser bastante enigmática no início da temporada. Assim como seu irmão, Billy (Dacre Montgomery), que não possui uma função realmente produtiva, mas deixa a entender que poderá ter um propósito maior no futuro.

Em relação ao terror, no primeiro ano o Demogorgon amedrontava os pesadelos dos protagonistas. Desta vez, com a produção investindo pesado nos efeitos visuais, tem-se uma nova ameaça: o terrível Monstro das Sombras e seus hospedeiros, e a aparição dessas criaturas lançam mais mistérios sobre o futuro da série. O modo como ocorrem as transições de cena continuam atendendo ao seu sábio papel de utilizar detalhes do cenário para construir a tensão da trama. Sendo assim, a segunda temporada de Stranger Things amplia o universo, traz novas possibilidades e continua encantando a imaginação do público. É o verdadeiro tesouro da Netflix e, como tal, merece todos os méritos. 

O polêmico episódio 7. Cuidado com os spoilers a seguir. 


Muitos fãs desprezaram o episódio 7, “A Irmã Perdida” (The Lost Sister), principalmente considerando a maneira tensa que o episódio 6 foi encerrado. O episódio da Irmã Perdida abre um parêntese para mostrar Eleven indo atrás da sua irmã (Eight), que ela só descobre a existência quando vai atrás de sua mãe. Dessa forma, o sétimo capítulo acaba destoando e quebrando o ritmo, mas é com a ajuda da irmã que El aprende a desenvolver, até mesmo a controlar, seu poder; o que tem função essencial para os acontecimentos que vão seguir nos episódios 8 e 9. Além disso, o capítulo deixa questões soltas no ar, as quais certamente irão retornar na terceira temporada. Por exemplo: o pai de Eleven está de fato vivo? Oito vai voltar para se vingar? Vamos finalmente descobrir por que “os homens maus” faziam aqueles experimentos? Talvez o episódio 7 tenha mais importância do que se imagina…

Nenhum comentário