Vidas à Deriva - Crítica
Por Guilherme Arnaud
O diretor islandês Baltasar Kormákur estreia em 2018 com seu novo filme Vidas à Deriva, que chegou em terras brasileiras no último 9 de agosto. O longa é mais uma aposta do diretor em dramatizações sobre histórias reais, depois de Sobrevivente (2012) e Everest (2015), além de estrelar Shailene Woodley, no papel de Tami Oldham, e Sam Clafin, como Richard Sharp.
Em 1983, Tami é uma jovem californiana que, no auge dos seus 24 anos, viaja o mundo há meia década parando em lugares sem trabalho definido e até quando o dinheiro for suficiente para partir até o próximo destino. Ao chegar no Taiti, encontra um emprego nas docas, onde encontra Richard, um inglês sete anos mais velho que veleja pelos oceanos na escuna que ele mesmo fez e aporta no cais com ajuda da moça. Esta foi a “primeira vista” para dar início ao amor entre eles.
Os dois vivem belos momentos em praias e ilhas da Polinésia Francesa, até que um casal amigo de Richard faz uma proposta irrecusável para que eles levem um iate até San Diego, em uma viagem de mais de 6.500km. Contudo, eles são atingidos pelo Furacão Raymond em outubro daquele ano. Tami, com a ajuda da voz de seu marido, se vê na jornada de encontrar resgate em uma área deserta do Oceano Pacífico apenas com os destroços do barco.
A narrativa do filme intercala momentos de Tami e Richard na busca por ajuda e antes da viagem, quando os dois se conhecem e até mesmo noivam, fazendo ligações que o espectador menos atento pode não perceber. A trama deixa seu “segredo” logo no início, mas é apenas ao final que percebemos a trágica realidade da viagem de 41 dias que, não fosse por uma vela improvisada na proa, seria completamente à deriva. Saldo positivo para o roteiro de David Branson Smith e dos irmãos Aaron e Jordan Kandell.
Richard e Tami, interpretados por Sam Claffin e Shailene Woodley. |
As atuações se concentram nos dois personagens principais e elevam o drama do filme, com destaque à de Shailene, que encarna a navegadora com destreza e quase transcende a tela para ditar a emoção do público. Deve-se dizer, no entanto, que a dublagem distribuída no Brasil deixa a desejar em alguns momentos mais cruciais, mas não dispersa os sentimentos passados pelos atores.
A cenografia dos momentos em terra ‒ que são os de fato necessários em se ter alguma ‒ é boa. A composição entrega um Taiti que parece, assim imagino, com o da época. A fotografia também garante uma experiência que vale o ingresso, com takes diversificados e que auxiliam na transmissão de emoções e ajudam na proposta de verossimilhança.
A aposta do diretor em mais um filme sobre fatos é certeira. Apesar de não ser o filme do ano, a história de Tami envolve e emociona com a mescla de romance e superação. Não é à toa que foi exibido para a seleção de futebol islandesa antes do jogo decisivo contra a Croácia na última Copa do Mundo, assim como Kormákur fez com Everest na Eurocopa de 2016. Apesar de não ser um gol de placa, Baltasar marca o ponto e sai vitorioso.
Já me desperto a curiosidade em assistir o filme.
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