Crítica: Aquaman
(Divulgação: Warner Bros) |
*Por Paulo Prado
Aquaman não estava entre os heróis mais respeitados da DC Entertainment. Durante muito tempo as suas representações, essencialmente na televisão, não colaboraram tanto assim para que o personagem fosse digno de compor a força de elite heróica dos cinemas— até agora. A nova perspectiva dada ao herói, oferecida por Zack Snyder, lhe concedeu capacidades que vão além de se comunicar com cavalos marinhos.
O filme homônimo nos apresenta o personagem Arthur Curry (Jason Momoa), filho do faroleiro Tom Curry (Temuera Morrison) com a atlante Atlanna (Nicole Kidman), e o incrível universo que o rodeia. Perpassando pelos problemas familiares e a crise de identidade ao não se reconhecer como herói, ele busca, a todo momento, evitar uma guerra entre a superfície e o mundo submerso, ao lado de Mera (Amber Heard).
É um longa que enche os olhos em deslumbre com os coloridos cenários e criaturas criadas em computação gráfica. O diretor James Wan conseguiu criar uma harmonia entre as influências das paletas de cores monocromáticas características de Snyder e sua perspectiva bastante cromatizada, ganhando toda a atenção. O roteiro é uma composição bastante ingênua – o que não é novidade para as obras do diretor, nem é um grande problema, diante da grandiosidade na qual o filme se coloca.
Jason Momoa não é o Aquaman, muito pelo contrário: Aquaman é Jason Momoa. O desejo que flui do envolvimento do ator com a premissa dramática coloca muito mais da sua própria personalidade no filme que o esperado. Momoa vive o personagem como se fosse a última vez a interpretá-lo – e, realmente, nunca se sabe o dia de amanhã. Ele deixa evidente que o filme não é apenas mais um trabalho, mas uma brincadeira, onde ele volta a ser criança e, independente do traje, se dedica inteiramente a incorporar o herói, fazendo a imaginação fluir.
Já Amber Heard se consagra no papel de Mera, entregando exatamente tudo aquilo que esperamos de uma personagem antagônica ao protagonista. Sua independência e seu empoderamento enchem a telona de fascínio. Apesar disso, a relação íntima dos dois personagens principais deixa a desejar: a falta de sintonia entre eles se torna bastante evidente e o casal é empurrado goela abaixo apenas para estabelecer o arco romântico.
O Mestre do Oceano (Patrick Wilson) e o Arraia Negra (Yahya Abdul-Mateen II) ganham grande credibilidade ao exporem suas aflições perante os seus desejos por poder e vingança. Seus propósitos são construídos diante de uma complexidade indescritível e identificadora e, ainda que o personagem de Yahya não seja tão aproveitado quanto gostaríamos, seus arcos são incrivelmente elaborados e impressionam excepcionalmente quando rendem boas cenas em plano sequência.
O filme do Rei dos Mares tem pequenas falhas que incomodam, mas não interferem na composição como um todo. As maiores fissuras se dão quando Wan subestima seu público e corre em círculos, interrompendo o caminhar da narrativa e apresentando diálogos pouco convincentes, que não colaboram com o desenvolvimento do longa e fazem com que ele se direcione a um fator que todo filme deve evitar: a obviedade.
Não é difícil estabelecer uma relação íntima com Aquaman logo em primeiro momento. A obra tem poderes que levam o público a abraçar o encanto que é a sua composição, com cenas de tirar o fôlego, e que, em muitas vezes, lembram pequenas partes de filmes como Avatar e Life of Pi: é um espetáculo de cores que deslumbra. E, mesmo que cometa alguns erros, é um filme gostoso e divertido para sentar e assistir; mais de uma vez.
UUuuuu amei <3
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