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O que o Reino Fungi, as Leis de Newton e um mini Dom Pedro têm em comum?

Jogos educacionais desenvolvidos por estudantes de graduação, pós-graduação e mestrado do IMD são apresentados no início do EPoGames 2018


*Por Maria Clara Pimentel

Cinquenta trabalhos foram escolhidos para serem apresentados de maneira equilibrada entre a quarta (13) e a quinta-feira (14) do evento EPoGames (Evento Potiguar de Jogos, Entretenimento e Educação). Dentre os selecionados, haviam TCCs, dissertações de mestrado e projetos desenvolvidos em função de disciplinas - sendo algumas das quais “Jogos Educacionais”, “Metodologias Inovadoras” e “Inteligência Artificial aplicada a Jogos”. O objetivo principal de fazer os alunos apresentarem seus projetos durante o evento, que acontece anualmente no IMD (Instituto Metrópole Digital), é disseminar os trabalhos que estão sendo desenvolvidos para que todos passem a conhecê-los um pouco mais. 

De acordo com Charles Madeira, um dos professores responsáveis pelas disciplinas, a finalidade é mudar como a visibilidade dessas iniciativas normalmente se dá. “Tem muito projeto interessante [...] que pouca gente vê, porque fica só na sala de aula ou em uma banca de mestrado; mas aqui não, nós mostramos para as outras pessoas o que está sendo feito”, afirma. O natalense também fica feliz em perceber que há aumentado significativamente o número de pessoas que dominam o desenvolvimento de jogos nos últimos tempos, e o fato de isso estar diretamente ligado ao começo do estudo e da formação de pessoas nessa área.

Os estudantes envolvidos foram desafiados a desenvolver jogos - digitais ou de tabuleiro - que trouxessem algum método pedagógico, de modo a associar a educação a um contexto de entretenimento. Houve muitas iniciativas interessantes, dentre elas um jogo de RPG (“role-playing game”, ou seja, um jogo com os jogadores assumindo personagens) que trata da História do Brasil; outra que é uma espécie de Mario Bros que ensina sobre o Reino dos Fungos; e até um infinity-runner (isto é, um “corredor infinito”, um jogo que não tem fim) para fortalecer conceitos da Física newtoniana.

Um deles é o grupo que idealizou e produziu o jogo “A lenda de Pedrinho”, para a disciplina de “Jogos Digitais como Ferramenta Pedagógica”, que trata de um RPG, no qual o personagem principal vai viajar no tempo por alguns períodos históricos importantes. Por enquanto, o jogo só tem implementada a descoberta do Brasil, estando ainda em desenvolvimento a vinda da Família Real ao país e com ideias de se estender à abolição da escravatura. Eles aspiram terminar ao menos essas três fases históricas, de acordo com Ian Honorato, um dos membros da equipe. Ele também revela que o objetivo principal do jogo, como educativo, seria dar um real retorno ao usuário, além do óbvio entretenimento, que o estimule a assimilar a matéria: “[o jogador] não necessariamente precisa sair aprendendo História, mas tem que criar uma familiaridade com o assunto, que o ajude a aprender”, ele relata.

George Franklin, membro da equipe que desenvolveu o jogo "Fungi: a aventura de Enzi"
(Foto: Maria Clara Pimentel/Caderneta Nerd)

Outra equipe desenvolveu o jogo chamado “Fungi: a aventura de Enzi”, que, na realidade, é uma versão educativa da ideia original, criada na Game Jam+, maior competição do tipo na América Latina. George Franklin, 21 anos, conta que seu grupo participou da etapa final por causa do voto popular, em novembro deste ano. O original, no entanto, tinha a finalidade somente de entreter, então os estudantes fizeram algumas alterações, as quais os obrigaram a voltar a estudar de verdade sobre os fungos. A ideia do jogo apresentado no IMD esta sexta (14), produzido para a plataforma PC, é testar os conhecimentos do usuário sobre o Reino Fungi, sendo o alvo principal estudantes do Ensino Fundamental e Médio. As características principais dos seres, como a sua estratégia de alimentação por meio de enzimas (por isso o Enzi) são questionadas por NPCs (ou seja, personagens “não-jogáveis”), tendo o cuidado, contudo, de não haver termos técnicos da Biologia nas perguntas, que atrapalham tudo, na opinião de George.

William Lucena, estudante do oitavo período de TI
(Foto: Maria Clara Pimentel/Caderneta Nerd)
Outro grupo, no entanto, pensou em fazer um jogo educativo que, em vez de pegar a abordagem clássica de ensinar, optou pelo lado do reforço. Por meio de um infinity runner, semelhante ao Subway Surf e Temple Run, em que a velocidade do personagem vai aumentando progressivamente, habilidades inspiradas nas Leis de Newton são passíveis de serem usadas pelo jogador, além de ações normais, como pular, abaixar e rolar e se mover lateralmente. A ideia do jogo, de acordo com William Lucena, do 8º período de Tecnologia da Informação, “é que o aluno já tenha visto o conteúdo e já tenha noção daquilo, para que ele relacione a teoria com a coisa prática, de forma visual”.

Para representar a Lei da Inércia, o jogador consegue empurrar o obstáculo que estiver na sua frente, dependendo da velocidade com que estiver (e, consequentemente, da força que possuir). Pela 2ª lei, que diz que força é igual à massa vezes a aceleração, existem duas alternativas para o uso da habilidade: ou com cliques rápidos, para destruir objetos leves, ou segurando (aplicando uma força maior) para objetos mais pesados. Por fim, a 3ª capacidade do usuário diz respeito à lei da ação e reação e foi interpretada pelo grupo como um escudo, ao que William explica: “quando o jogador colidir com um obstáculo [usando o utensílio], em vez de ele perder uma vida, ele só volta um pouco [no percurso], enquanto o obstáculo é impulsionado para a frente, proporcionalmente à velocidade em que estava”. O grupo pretende continuar desenvolvendo o jogo e implementar as alterações que o professor Charles sugeriu, mantendo as plataformas mobile para Android e iOs.

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