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Animais Fantásticos e os Crimes de Grindelwald - Crítica

Por Victor Saatmam 


No segundo filme da nova franquia do Wizarding World, temos mais um vislumbre do passado do universo de Harry Potter, a continuação da história do vilão da saga, Gellert Grindelwald (Johnny Depp), além das aventuras e descobertas de Newt Scamander (Eddie Redmayne) e seus animais mágicos. Dessa vez visitamos ambientes familiares aos fãs, voltando a Hogwarts, às salas de aula e conhecendo um jovem Alvo Dumbledore (Jude Law), com sua ousadia e peculiaridade características (e roupas menos extravagantes também). 

O filme gira em torno de diversas tramas e, mesmo com um foco na busca incansável de Credence Barebone (Ezra Miller) para descobrir a sua identidade e origem, Leta Lestrange (Zoë Kravitz) e sua família também são abordados como uma das histórias principais e tomam espaço de tela com vários outros núcleos, entre eles, o romance mal resolvido entre Newt e Tina (Katherine Waterston). 

Focar em uma única trama fica difícil. O filme mais parece um livro, com tantas informações e personagens, sendo condensado em pouco mais de 2 horas e demonstrando várias vezes a dificuldade de J. K. Rowling, que assina o roteiro, em ir direto ao ponto. Ao mesmo tempo em que se desenvolvem personagens e tramas paralelas, o título “Animais Fantásticos” tenta fazer sentido, apresentando criaturas incríveis, com designs impecáveis que fluem pela tela – aqui vem um ponto altíssimo do filme: um 3D daqueles de saltar da cadeira e se desviar. 

A ideia do título do filme fica perdida a cada minuto que passa: além de animais realmente fantásticos pouco aproveitados, ficamos procurando pelos crimes de Grindelwald que não acontecem. A atuação de Johnny Depp se supera e aquela imagem do eterno Jack Sparrow dá lugar a um vilão sedutor e de causar arrepios, que, inclusive, se mostra bem diferente de Voldemort em sua sutileza; com um apelo emocional aos seus seguidores e a frieza com suas vítimas, sem violência gratuita e ataques escandalosos, apenas sussurros e olhares. Do outro lado, Jude Law destaca a personalidade sábia e admirável de Dumbledore, com suas excentricidades ao utilizar truques de mágica com cartas e jogadas de mão, além da imagem de professor adorado por seus alunos e com bastante influência em Hogwarts. 


A cidade de Paris é pouco aproveitada, sendo utilizada apenas como uma referência sutil à primeira grande cidade ocupada durante a Segunda Guerra Mundial, que é mencionada no filme como uma previsão, visto que ele é ambientado em 1927. Nicolau Flamel também é pouco aproveitado, utilizado em um momento como alívio cômico e acaba não fazendo jus ao peso que o nome tem no universo mágico. O retorno de Queenie (Alison Sudol) e Jacob (Dan Fogler) é claramente para satisfazer os fãs que amaram os personagens no primeiro longa, apesar do desfecho da bruxa abrir novas possibilidades para a personagem nos próximos filmes. 

O drama familiar de Newt com o irmão Teseu (Callum Turner) e sua noiva Leta é colocado apenas como pano de fundo para um plot maior que ronda a família Lestrange e desaponta, já que o filme anterior deixa a curiosidade no espectador de saber mais sobre a relação entre os três, mas é apenas mais um núcleo do filme que fica com uma história mal contada. 

A resolução do filme é incompleta, com praticamente todas as histórias deixadas como gancho para o próximo filme, um terceiro ato visualmente bem feito, mas desnecessário, que fica até mesmo por baixo do embate final do primeiro filme e traz uma queda de ritmo para o que deveria ser um final com um belo duelo mágico e respostas para os tantos questionamentos que foram formados ao longo de toda a trama. 


A autora JK Rowling tem uma história maravilhosa nas mãos, um universo espetacular e com inúmeras possibilidades de expansão, mas que pouco se aproveita, por conta de um roteiro cansativo e cheio de pontos mal resolvidos. Animais Fantásticos e os Crimes de Grindelwald possuía um grande potencial, mas deixa a desejar, superando as expectativas apenas no visual, figurino e caracterização dos personagens, mas deixando ganchos de tirar o fôlego e inúmeras interrogações, em um nível de final de episódio de série televisiva que, infelizmente, não será respondido na próxima semana.

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