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Crítica: Titãs

Em seu primeiro ano, Titãs aborda a origem de seus personagens e nos deixa com muitas expectativas para uma segunda temporada

*Por Douglas Lucena

Logo oficial da série (Foto: Divulgação)
Com um tom sombrio e violência para dar e vender, Titãs estreou na DC Universe, inaugurando o serviço de streaming de uma das maiores editoras de quadrinhos do mundo. E ainda que possua mais altos do que baixos, a série precisa trilhar um longo caminho neste cenário de super-heróis.

Em primeiro lugar, esqueça todo o ambiente no qual você se acostumou caso tenha crescido assistindo a série animada dos Jovens Titãs. Na adaptação em live-action da TV, temos muito mais violência, sangue, uma linguagem mais pesada e, principalmente, conflitos que não funcionariam num cenário para menores.

Dito isto, o arco principal de Titãs é desenvolvido ao redor de dois personagens: o Robin/Dick Grayson, interpretado pelo Brenton Thwaites, e a Ravena/Rachel Roth, interpretada pela Teagan Croft. É interessante como a história segue abordando os conflitos pessoais do Dick, que é obrigado a lidar com os fantasmas de seu passado recente, ao mesmo tempo que sua narrativa converge e encontra-se com a da Rachel, uma recém órfã amedrontada pelos próprios poderes de origem sobrenatural. Neste ponto, a série é um espetáculo: as cenas de luta de Robin são excelentes, assim como sua caracterização, seja usando sua fantasia do Garoto Prodígio ou suas roupas comuns de sua identidade secreta.

Infelizmente, o mesmo não pode ser dito da Ravena. A caracterização da personagem e a atuação da Teagan Croft beira ao lamentável, principalmente nas cenas emotivas. A atriz simplesmente não consegue convencer os telespectadores e isso afeta o conjunto da obra de maneira negativa. Apesar disso, o roteiro ajuda: todo o mistério em torno da morte de sua mãe e sobre quem é o seu pai nos leva a sempre querer mais explicações no próximo episódio. Sem contar os efeitos especiais, que também dão uma incrementada nas cenas nas quais Rachel se vê obrigada a usar seus dons.

Os Titãs reunidos (Foto: Entertainment Weekly)

Seguindo a linha principal, temos ainda a Kory Anders/Koriand’r/Estelar, interpretada pela Anna Diop. Sua história está diretamente relacionada com a da Rachel e suas motivações são brilhantemente apresentadas no show, ainda que de maneira um tanto curta. O aprofundamento dado a personagem não chega a ter o mesmo tempo de tela que os dos outros dois heróis acima citados, o que se configura um erro, já que impossibilita o espectador de ter a mesma empatia sentida pelos outros protagonistas, porém são de igual relevância para o “andar da carruagem”. 

Felizmente, a Diop sabe driblar esse tropeço de roteiro muito bem. Com um carisma de fazer inveja a qualquer ator ou atriz do gênero, a intérprete da Estelar nos entrega um show de atuação. Sua origem e motivação desconhecidas até o fim da temporada são mostradas de maneira satisfatória e dão uma boa força à história principal. Sua caracterização, extremamente criticada pelos fãs na época antecedente a estreia da série, é explicada e justificada de maneira plausível, o que corta qualquer argumento preconceituoso sobre sua etnia. E mais: consegue deixar as expectativas lá no alto em relação a seu desenvolvimento na segunda temporada.

Sobre o Garfield Logan/Mutano, interpretado pelo Ryan Potter, é triste perceber como o personagem é mal aproveitado, sendo usado na maioria da vezes apenas como uma espécie de alívio cômico. Começa que sua origem é explicada num episódio que serve de piloto para uma série derivada. O quarto episódio de Titãs, intitulado “Patrulha do Destino”, apresenta o Mutano como membro do grupo nomeado no título, ao mesmo tempo que desenvolve e aprofunda sua ligação com a personagem da Ravena. A atuação do Potter não é ruim e sua caracterização não é insatisfatória como a da Rachel, porém, sua integração ao grupo dos Titãs é um tanto quanto gratuita. Os pontos altos do personagem, entretanto, incluem o CGI de sua transformação em tigre, sua justificativa para se transformar (esperamos que por enquanto) apenas em um animal, dado o potencial de seu super-poder, e como ele lida com as consequências de tal uso de seus dons. Esperamos que os produtores saibam explorar o potencial do personagem na próxima temporada.

Homem-Negativo e Homem-Robô, ambos da Patrulha do Destino (Foto: Divulgação)
Por fim, os personagens recorrentes na história são quase sempre diretamente ligados a Dick Grayson e seu passado. Jason Todd, o novo Robin após a saída de Dick, interpretado pelo Curran Walters, mostra como o Batman está lidando com a perda de seu antigo aprendiz. Hank Hall/Rapina e Dawn Granger/Columba, interpretados, respectivamente, pelo Alan Ritchson e pela Minka Kelly, possuem um episódio só para eles, sutilmente indicando uma formação original do grupo dos Titãs e dando mais detalhes sobre o passado da trama, ainda que tal episódio, por conta do roteiro, mais desvia a atenção do conflito principal do que o complementa. Finalmente, a Donna Troy/Moça Maravilha, interpretada pela Conor Leslie, apresenta mais uma parte do passado de Dick e mostra que possuir um ajudante/aprendiz não era característica exclusiva do Batman.

Com sua segunda temporada confirmada, Titãs tem muito potencial. Mesmo não sendo a maravilha que todos esperavam, ainda faz jus ao seu material de origem e é, de longe, a melhor série de herói da DC. O plot twist do final da temporada é realmente surpreendente e finalmente temos um vislumbre da grande ameaça que o vilão representa. O que nos resta é aguardar e torcer.

Todos os episódios da primeira temporada de Titãs estão disponíveis na Netflix.

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