5 motivos pelos quais filmes baseados em jogos fracassam
Por Douglas Lucena
Motivo #4: achar que uma mídia deve explicar a outra
Filmes baseados em outras mídias são sempre
difíceis de serem produzidos. A complexidade para adaptação, desde a criação do
roteiro à escalação dos atores para os personagens, é sempre um desafio. Os
longas-metragens baseados em HQs de heróis são os que estão em alta
ultimamente, com sucessos estrondosos como Guardiões
da Galáxia, Logan, Deadpool, Vingadores e tantos outros. Infelizmente, tal sucesso nunca chegou
aos filmes baseados em jogos eletrônicos. Por quê?
Recentemente, tivemos o lançamento de Tomb Raider: A Origem, protagonizado
pela atriz sueca Alicia Vikander,
numa terceira tentativa de alavancar a franquia nos cinemas, o que não
aconteceu. Apesar da boa bilheteria, que até conseguiu assumir a liderança no
Brasil em sua semana de lançamento, inclusive desbancando Pantera Negra – que já
permanecia no topo há quatro semanas –, o filme foi um fracasso perante a
crítica especializada. Nada fora do comum, tendo em vista que nenhum de seus
longas predecessores chegaram sequer a 30% de aprovação, de acordo com o Rotten
Tomatoes.
Listamos aqui uma série de motivos pelos quais
filmes de jogos são, em sua grande maioria, um enorme fracasso:
Motivo #1: live-action
Este ponto não é um mau caso aplicado nos jogos
certos, como Prince of Persia e Assassin's Creed. Mas já pensaram no
quão ridículo seria um filme de Donkey
Kong ou Bomberman, caso fossem
adaptados em live-action? O enredo e
o surrealismo dos mesmos torna completamente inviável suas produções. E, por
incrível que pareça, fizeram algo parecido com o encanador italiano mais famoso
do mundo dos jogos. Super Mario Bros.,
lançado em 1993 e protagonizado pelo Bob
Hoskins e John Leguizamo, nos
papéis de Mario Mario e Luigi Mario respectivamente, até tentou ser um pouco
mais realista, porém nem preciso dizer que não funcionou. O longa feriu de
morte tão profundamente o material original que a Nintendo jamais permitiu
novamente a produção de filmes baseados em suas franquias.
Luigi Mario à esquerda e Mario Mario à direita.
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Motivo #2: mudança do enredo original e das
características de personagens já existentes
Mudar uma história já estabelecida originalmente
e adaptá-la de maneira extremamente preguiçosa e mal feita é o maior pecado que
se pode cometer com os fãs. E, nesse sentido, a adaptação de Street Fighter, lançada em 1994, nunca
deveria ter existido. Além de terem colocado Ken e Ryu (interpretados por
Damian Chapa e Byron Mann, respectivamente), os personagens principais da
história no jogo, como meros coadjuvantes, transformaram o Guile, que tinha
como intérprete o Jean-Claude Van Damme,
no personagem principal. Sem mencionar as raras e falhas cenas de humor e as
cenas de ação, que deveriam ser o ponto alto e acabam se tornando apenas mais
dois dos inúmeros pontos baixos do longa.
Quanto à descaracterização de personagens, ainda
em Street Fighter, temos um Blanka
como resultado de um experimento genético e um Dhalsim retratado como um
cientista branco escravizado por Bison (interpretado por Raul Julia). Dispensa
comentários.
Motivo #3: falta de conhecimento sobre o
material fonte
Esse também é um forte pecado cometido com
frequência. A falta de conhecimento acerca do material de origem do filme
ocasiona roteiros desorganizados, cheios de furos e excessivamente confusos.
Isso influencia não somente na parte escrita do filme, como também na atuação
dos atores e atrizes. Exemplos como o do saudoso Heath Ledger, intérprete do Coringa, e do grande Hugh Jackman, intérprete do Wolverine,
que pesquisavam tudo sobre seus personagens e procuravam parecer com eles no
dia a dia, deveriam ser seguidos por todos.
Kristin Kreuk, que interpretou a Chun-Li no filme Street Fighter: The Legend of Chun-Li,
em entrevista ao site ComingSoon.net, ao ser perguntada se já havia jogado
algum jogo da série, demonstrou ser quase totalmente leiga sobre o assunto:
"Eu nunca fui gamer, mas assisti muito 'Street Fighter', era muito popular
quando eu estava no final da escola primária, indo para o ensino médio, então
eu estou muito familiarizada com isso. Eu vi muitas pessoas jogando esse
jogo." Só assistir algo, pelo menos no mundo dos jogos e de maneira tão
superficial, não significa que você conheça o personagem, muito menos sua
história dentro do jogo.
Chum-Li, interpretada por Kristin Kreuk. |
Motivo #4: achar que uma mídia deve explicar a outra
Tudo bem, este ponto não é somente em relação
aos filmes baseados em jogos. Também serve para os longas inspirados em livros,
HQs e outros tipos de mídias. É totalmente incabível e inaceitável que pontas
soltas deixadas em um roteiro sejam explicadas por livros lançados
posteriormente, entrevistas concedidas pelos produtores ou diretores do longa e
até mesmo pelo jogo no qual o filme seja baseado. O filme precisa se sustentar
sozinho e entregar uma história com começo, meio e fim. Inclusive, esse é um
dos pontos abordados pela crítica especializada no filme Warcraft, de 2016. Grande parte do fãs adoraram o longa, como
confirma os 77% de aprovação por parte da audiência no Rotten Tomatoes, porém o
mesmo detém apenas 27% de aprovação pelos críticos do site justamente por pecar
em tal situação.
Motivo #5: dinheiro
Por último, mas não menos impactante, o grande
causador de todos os outros motivos listados acima: o dinheiro. É fato que a
única intenção ao se criar um filme baseado numa franquia de jogos de sucesso é
fazer ainda mais dinheiro e acumular ainda mais fortuna. Espremer cada gota de
dólar que ainda resta, até não sobrar nada. Um exemplo clássico é a franquia de
filmes Resident Evil. Os jogos
marcaram toda uma geração de gamers, afinal, quem nunca gastou horas de seu
tempo no Resident Evil 4, no bom e
velho PlayStation 2? Uma pena que o mesmo não possa ser dito dos filmes. Os
dois primeiros, mesmo com forte desaprovação da crítica, ainda conseguem uma
média de 60% de aprovação por parte da audiência. Porém, a partir do terceiro
longa, há um consenso: já deveria ter acabado. Os erros são muitos: desde a
escolha da protagonista da franquia, Alice (interpretada pela atriz Milla Jovovich), que nem sequer existe
nos jogos, passando por furos de um roteiro muito mal adaptado e entregando ao
fãs um trabalho de péssima qualidade.
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