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Jogo de Bolsonaro é lançado na Steam com curiosa aceitação por parte dos consumidores

Por Marcus Arboés 

Capa e descrição de Bolsomito 2K18 (Imagem: recorte da página do jogo na Steam

A Steam – renomada plataforma de mercado e hospedagem de jogos – lançou no dia 5 deste mês, o título Bolsomito 2K18, da BS Studios. O game apresenta um personagem inspirado em Jair Bolsonaro (candidato à presidência pelo PSL) em um Start’em Up (estilo de briga de rua), onde ele combate mulheres, homossexuais, negros, minorias em geral e até cavalos marcados pela sigla do PT (partido contradito pelos bolsonaristas). 

É preocupante ver Bolsomito 2K18 enaltecer a violência utilizando uma figura política, como trata na sinopse (imagem) e, ainda assim, ser visto por 87% dos clientes como bom. Das 132 análises, 115 são positivas e 17 negativas. Porém, os que não recomendam se dividem em usuários que repudiam a ideia e jogadores que gostam do projeto, mas criticam a mecânica e a jogabilidade. 

Tais dados demonstram como o cenário gamer brasileiro adere uma onda conservadora. Isso não é novidade para ninguém, pois desde a era do fliperama aos dias de hoje, com os multiplayers online e o crescimento do e-sport, ideais apoiados pela visão de Bolsonaro - homofobia, machismo e sexismo - são utilizados ofensivamente contra homossexuais e mulheres, quando os mesmos tentam participar dessa esfera. 

Outra explicação para a identificação dos gamers com uma polarização mais à direita é a defesa da redução dos tributos sobre importados, o que inclui o mercado dos videogames, que são vendidos muito mais caros no Brasil. Nessa perspectiva, os jogadores podem aderir à proposta de imposto único levantada pelo programa governamental do Partido Social Liberal (PSL), que reduziria os impostos (incluindo o imposto de importação) a um só. 

Em contraponto, vale relembrar que o candidato do PSL disse ao programa Mulheres (TV Gazeta) que jogos violentos – gênero que inclui o Bolsomito 2k18 – deveriam ser proibidos, em 2013. No entanto, a proibição não consta no seu plano de governo. 

O fato de um material que exibe opiniões tão problemáticas estar à venda na Steam, mesmo que seja questionável, se deve ao Steam Direct – atual programa de apoio à pequenos desenvolvedores. Nele, a empresa se inscreve e paga uma taxa para hospedar e comercializar seu produto na plataforma e a equipe do site espera um feedback (que, até o momento, é positivo). 

Esse programa difere do antigo (Greenlight), onde os desenvolvedores anunciavam seus projetos e os membros da comunidade avaliavam. Se tivesse aprovação do público, o game era lançado na loja virtual. O modelo anterior era mais democrático, de acordo com muitos usuários. 

Ainda que o Greenlight fosse o programa atual, provavelmente o produto seria aprovado. Isso se reforça com o caso de Make America Great Again: The Trump Presidency, jogo que foi lançado durante campanha presidencial dos Estados Unidos na mesma plataforma, assumindo-se como pró-Trump, antes do Steam Direct estar em ação. Ou seja, foi aceito pelos players. 

Também é necessário lembrar que a Valve – dona da Steam – é uma empresa que visa lucro. Logo, se a mercadoria é bem vendida, ela será interessante para os fins comerciais. No entanto, a empresa oferece um serviço de denúncia, que pode contrapor as análises positivas dos consumidores. Essa ferramenta não é tão conhecida, mas o site TechTudo explica como utilizá-la, em matéria com o tema tratado aqui

Com esses serviços, nós podemos fazer a nossa parte, contribuindo com as pessoas afetadas por tal incitação de ódio, que se mostra também inserida na voz dos gamers. Precisamos entender que isso vai além de um jogo político, se trata da manifestação de um discurso que fere diretamente o direito à integridade dos grupos insultados e que, na lógica do mercado, pode ser justificado, mas também combatido.

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