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John Wick 3: Parabellum – Crítica

Consequências marcam a terceira parte da saga


POR LÉO FIGUEIREDO

Pôster de John Wick 3 (Foto: Divulgação)

A premissa da franquia John Wick sempre esteve alicerçada no simplório. No primeiro filme, John Wick: De Volta ao Jogo, o que motiva o assassino aposentado interpretado por Keanu Reeves é um carro roubado e a morte de seu cachorro. Já em John Wick: Um Novo Dia Para Matar, a explosão de sua casa e a cobrança do débito de uma promissória o fazem retomar o rastro de sangue que ele deixa por onde passa. No terceiro capítulo da saga, a motivação do personagem, apesar de trivial, não poderia ser mais significativa: sobrevivência.

Após matar dois membros da Alta Cúpula e violar as regras nas dependências do Hotel Continental, John tem sua cabeça a prêmio pela bagatela de 14 milhões de dólares. O contrato por sua morte é internacional, isto é, o perigo pode estar em qualquer esquina ou metro percorrido. Uma palavra que pode definir não só John Wick 3: Parabellum, mas também a franquia como um todo, é consequência; termo esse que o próprio protagonista repete algumas vezes ao longo da projeção.

As infrações cometidas por John causam reverberações em outros personagens do universo, um dos belos acertos do roteiro, que permite enaltecimento aos antagonistas. Essa seriedade imposta pela narrativa poderia ter se resumido apenas à cena com o Doutor, vista no trailer. Porém, os roteiristas vão além, atribuindo a Winston (Ian McShane), gerente do Continental, o recepcionista Charon, e ao Rei dos Mendigos (Laurence Fishburne), nuances mais dramáticas que nos capítulos anteriores. Boa parte disso se deve à presença ameaçadora da Juíza da Alta Cúpula. Em Parabellum, John não é o único que corre riscos.

John Wick, interpretado por Keanu Reeves, ao centro (Foto: Divulgação)

O diretor Chad Stahelski tinha um grande desafio pela frente, tendo em vista que o enredo passa a ser global. Por já ter sido coordenador de dublês, a aposta não poderia ter sido mais certeira: a escala da ação. Stahelski não apela para a sua grandiosidade, mas para a elegância e o impacto que pode trazer ao espectador – a perseguição de motos com espadas, que está no trailer, e o clímax conduzido por música clássica são exemplos disso. Tais ocorrências relembram o público do talento que John possui para transformar qualquer objeto, ou mesmo o cenário, em uma arma; maestria que é vislumbrada logo nas primeiras situações do filme, como nos confrontos da biblioteca, estábulo e da loja de armas.   

É curioso que a trilogia John Wick funcione com uma estrutura semelhante a de um videogame. Os pequenos obstáculos são catapultas que guiam o herói para o chefão de cada fase. O antagonista, interpretado por Mark Dacascos, é um bem-vindo acréscimo ao elenco, como o sensei de ninjas cujas participações ajudam a expandir a intrigante mitologia da saga. Dacascos, no entanto, não transmite o peso de perigo real, e sua performance de clara admiração por John expressa mais comédia do que qualquer outra intenção. A estética das batalhas também é realçada com a presença dos cachorros de Sofia (Halle Berry).

John Wick 3: Parabellum enriquece a franquia, que se consolida como uma saga que ainda tem muito para revelar. A filosofia por trás do submundo dos assassinos, cujas regras os impedem de virarem animais, é uma antítese que leva o trágico herói às consequências enfrentadas neste terceiro capítulo. É uma sábia maneira de se construir uma obra. Com um final aberto, Parabellum coloca John Wick de uma vez por todas no panteão dos heróis de ação, bem no estilo Jason Bourne e John McClane (Duro de Matar) – aqueles que escapam de modo inverossímil. O quarto filme já foi confirmado, só resta saber até quando a franquia terá fôlego. O subtítulo “Parabellum” significa “prepare-se para a guerra”, e o Bicho Papão parece pronto para mais um round. A guerra de verdade vem por aí.

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