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Homem-Aranha no Aranhaverso - Crítica

Baseado em Barack Obama e Donald Glover, Miles Morales chega aos cinemas com muita propriedade e protagoniza um dos melhores filmes do cabeça de teia

*Por Luiz Gustavo Ribeiro

Homem-Aranha no Aranhaverso é concorrente forte a melhor filme de herói do ano (Foto:Divulgação)

Após o sucesso de Spider-Man Homecoming (2017), a Sony traz o herói de volta às telonas, mas desta vez sem a presença do Marvel Studios. Homem-Aranha no Aranhaverso caiu como uma luva nas mãos do estúdio japonês e ousou ao apresentar uma história um tanto quanto épica com um protagonista que cada vez mais pede espaço nas diferentes mídias que envolvem o universo do aranha. 

O roteiro de Phil Lord e Rodney Rothman apresenta Miles Morales, um garoto filho de um pai negro e uma mãe hispânica, que vive no Brooklyn e tem que lidar com os dilemas da vida adolescente, assim como os de Peter Parker em seu primórdio. Diferente de boa parte dos heróis, Miles conta com a presença de seus pais, além de ter forte relação com seu tio Aaron Davis. 

O Aranhaverso trouxe diferentes “aranhas” às telas. Além do jovem protagonista, foram apresentados a Mulher-Aranha/Gwen Stacy, o Porco-Aranha/Peter Porker, Homem-Aranha Noir/Peter Parker, AR//nH/Peni Parker e o novo mestre de Miles, o Homem-Aranha/ Peter B. Parker. É a partir deste ponto que a direção de Bob Persichetti, Peter Ramsey e Rodney Rothman mostra todo o seu brilho.

Peni Parker, Gwen Stacy, Porco-Aranha, Miles Morales, Peter B. Parker e Homem-Aranha Noir se encaixam perfeitamente no roteiro (Foto: Reprodução)

Além de adquirir uma personalidade marcante a cada um dos seis aranhas, o longa consegue preservar a identidade deles com um visual extremamente marcante, que influenciou também as cenas de ação. Enquanto, o Porco-Aranha trouxe toda a magia dos “Looney Tunes” com um desenho cartunesco e exagerado, o Homem-Aranha Noir preservou a fala e os adereços dos anos 1930 e assim por diante. 

Com uma das melhores representações das HQs no cinema, se não for a melhor, o visual do filme é um deleite aos espectadores. Os detalhes são extremamente cuidadosos e vão de sensações de folhas impressas até as texturas que cada universo representa. O 2D chapado da Peni Parker e do Porco Aranha estão harmoniosos num contraste com os outros personagens que representam profundidade, com uma gama de mistura e localização precisa de cores, que assim como nas HQs, representam bem características visuais. Além disso, outros detalhes chamam atenção e lembram bem os quadrinhos, como balões de fala, onomatopeias e uma bela divisão de enquadramentos. 

Em meio a todos os acertos, as relações pessoais de cada personagem com Miles devem ser enfatizadas como o maior deles. O garoto constrói elos fortes com um Peter desacreditado, um tio que quebra toda a magia de infância ao se mostrar como um vilão e um pai policial que não entende a importância de um Homem-Aranha para a sociedade.

Peter e Miles apresentam uma bela relação de amizade e ensinamentos mútuos (Foto: Reprodução

A direção também acerta em cheio nas cenas de ação e no balanceamento com a comédia e o drama. Na ação, foi mostrado um jogo de câmeras que nunca foi apresentado nos filmes do Homem-Aranha nos cinemas, tudo isso pela liberdade física da animação. Os momentos de comédia apresentam o tempo certo e o drama é extremamente sensível e eficaz, capaz de tocar os corações mais duros nas atitudes mais singelas do protagonista. 

As referências são muitas, que vão dos filmes do Sam Raimi aos momentos de ouro do Homem Aranha na década de 1960. Como era esperado, Stan Lee também marca presença no longa. A cultura hip-hop é representada pelo grafite e pelo rap que traz para trilha sonora novos nomes como Amine e Jaden Smith, além de também mostrar um Miles que curte a “Old School” com Notorious Big. 

Uma mistura de comédia, um mundo de referências, um drama consistente e um protagonista único. Com propriedade, Homem-Aranha no Aranhaverso pode ser sim considerado um melhores filmes do cabeça de teia nas telonas. Miles Morales provou que sua influência está alcançando novos patamares e que sua representatividade é marcante em tão pouco tempo.

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