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Universo Cinematográfico DC: As dificuldades até Mulher-Maravilha

Por Leonardo Figueiredo



Em comparação com a concorrente – Marvel –, o universo cinematográfico da DC é um bebê engatinhando. Enquanto sua adversária planejava detalhadamente ampliar seus horizontes, a DC possuía um olhar limitado e acumulava um histórico de fracassos e projetos falidos. Faltava-lhe algo, talvez coragem, um impulso que a fizesse render lucro tanto quanto sua rival.

Porém, a DC, assim como toda empresa, teve seus bons momentos. O primeiro filme de Superman, tendo o Filho de Krypton encarnado por Christopher Reeve, foi um marco no cinema. Em seguida, no final da década de 1980, veio o primeiro Batman de Tim Burton, que gerou uma sequência em 1992. Infelizmente, uma maré de azar pairava sobre os dois personagens mais importantes da DC Comics; Superman gerou mais quatro sequências, sendo a última em 2006 sob o olhar de Bryan Singer, mas nenhuma delas encantou o público como a pioneira.


O caso de Batman torna-se ainda mais grave, pois gerou as péssimas sequências Batman Eternamente e Batman & Robin, este último sendo considerado o pior filme do Homem-Morcego já feito. Anos depois foi cogitado um longa da Liga da Justiça dirigido por George Miller, no entanto, a produção foi cancelada e nunca mais tocaram no assunto. A situação estava muito ruim. 


Quando a esperança parecia dar seus últimos suspiros, surge Christopher Nolan para dirigir Batman Begins. A abordagem sombria e realista que Nolan deu à jornada de Bruce Wayne conquistou o público. Logo uma sequência foi anunciada, e em 2008 a DC conheceu o ápice com Batman – O Cavaleiro das Trevas, tendo Heath Ledger encarnando o arqui-inimigo do defensor de Gotham, o Coringa. O filme arrecadou mais de 1 bilhão de bilheteria e ganhou dois Oscar, sendo um póstumo para Ledger. A trilogia foi encerrada em 2012, mas não antes da DC cometer outro deslize; em 2011 estreou Lanterna Verde, protagonizado por Ryan Reynolds, e não há muito que dizer sobre isso.


Contudo, a DC foi abrindo os olhos. Percebendo que a Marvel estava prestes a alcançar seu apogeu com o primeiro filme de sua equipe vingadora, a produção do universo cinematográfico da DC teve seu ponto de largada em 2011. Dois anos depois, O Homem de Aço chegou aos cinemas sob a responsabilidade de Zack Snyder, o garoto prodígio da Warner Bros. que já tinha feito Watchmen e 300. Apesar de possuir falhas e do alto índice de pancadaria e destruição, o filme empolgou várias pessoas. E pegando carona nessa energia eletrizante, a DC anunciou Batman vs. Superman: A Origem da Justiça. Por qual motivo? Como o título já diz, o objetivo da DC era finalmente ver sua famosa equipe ganhando o próprio filme. 


E é aqui que a maldição retorna. Com duas horas e meia de duração, Batman vs. Superman foi considerado um filme enfadonho e adulto demais, com personagens carrancudos e depressivos. O roteiro parecia não dar conta da grandiosidade do encontro épico dos heróis, e os resultados negativos não demoraram a chegar; o filme não alcançou a marca de 1 bilhão na arrecadação mundial, o esperado nas bilheterias. Como se não fosse o bastante, recebeu várias indicações no Framboesa de Ouro, premiação reservada para os piores filmes do ano.


Mas tudo que está ruim ainda pode piorar. Em agosto de 2016 chegou Esquadrão Suicida, que conseguiu a façanha de ser tão problemático quanto o antecessor. Observando o resultado insatisfatório de Batman vs. Superman, a DC modificou o filme ao ponto de mandar editá-lo diversas vezes. O resultado foi uma narrativa picotada, que causou revolta nos fãs e no astro Jared Leto, o novo Coringa deste universo. 



É dentro desse contexto conturbado que Mulher-Maravilha, quarto filme do universo cinematográfico da DC, está inserido. A estreia de Diane Prince nas telonas aconteceu em Batman vs. Superman, em que já é possível ver um pouco da sua força e determinação. Mas esta será a primeira vez que a personagem ganha um filme solo e a DC precisa urgentemente de boas críticas. O futuro deste universo depende do sucesso do filme da amazona.


Após a repercussão preocupante de Batman vs. Superman, a DC viu a necessidade de reestruturar seus projetos, convidando Geoff Johns para coordenar o futuro do universo. Aparentemente, Johns possui mãos firmes, pois desde a sua chegada vários projetos passaram por modificações; The Batman não será mais dirigido por Ben Affleck, The Flash ainda não encontrou seu diretor e passou por mudanças no roteiro, a produção de Liga da Justiça foi supervisionada de perto e, devido a problemas familiares de Zack Snyder, o filme será concluído por Joss Whedon


Dessa forma, Mulher-Maravilha é um filme que precisa funcionar. Se a obra seguir os passos dos seus predecessores e se Liga da Justiça não fizer o sucesso desejado, o futuro do universo da DC estará comprometido. Projetos como Shazam, Sereias de Gotham City, Esquadrão Suicida 2 (Sim, por incrível que pareça), Ciborgue, Tropa dos Lanternas Verdes, Asa Noturna, Homem de Aço 2, Liga da Justiça Sombria, entre outros, podem dificilmente sair do papel. Mulher-Maravilha pode ser o divisor de águas que a DC precisa para deixar de engatinhar e passar a andar do modo que todos esperam. Já chega de tantos tropeços. 

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