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O curta "No Fim de Tudo" tem pré-estreia na UFRN

Por Beatriz Nascimento e Ricarla Nobre 


Foto: Ricarla Nobre


Na última quinta-feira, 01 de junho, no auditório do NEPSA, na UFRN, foi exibida a pré-estreia do curta No Fim de Tudo. A cerimônia contou com a presença da equipe de produção, uma mensagem de agradecimento em vídeo do roteirista e do diretor - que não conseguiram comparecer ao evento - e um público caloroso que rapidamente lotou o local.

O NEPSA foi escolhido por ter sido um marco da carreira dos meninos Helio Ronyvon (roteirista) e Victor Ciriaco (diretor). Todas as filmagens foram feitas em Santa Cruz, no interior do estado, na casa da avó de Victor. 

Na parte do making of, o diretor conta que a obra foi baseada em suas experiências pessoais com o mundo. “É um quebra-cabeça de várias nuances da minha vida”, disse ele. Também traz como foi a escolha do nome da personagem Josy. “O nome foi escolhido graças a um encontro que tive com uma travesti com esse mesmo nome, onde ela me contou que vivia triste pelo preconceito que sofria no interior”, explicou.  Os dois se conheceram em um dos últimos shows da Xuxa e quando a artista disse “sejam felizes”, no final de sua apresentação, Josy lhe confessou que estava com depressão, mas que iria ouvir o conselho da rainha dos baixinhos. Victor respondeu que nunca esqueceria daquilo, e realmente não esqueceu.

Para fechar a noite, rolou um bate-papo com a produção, onde o público pôde interagir e ter um contato mais direto com quem estava por trás de tudo, podendo fazer questionamentos desde a inspiração até o processo de produção em si.
Foto: Novo Notícias

O curta-metragem conta a história da relação de uma mãe, Laurinda, e sua filha, a travesti Josy. A rotina que a jovem leva para cuidar de sua mãe - que é revelada, durante a narrativa, como portadora de doença degenerativa - busca trazer sentimentos de empatia ao espectador, mostrando todo o carinho e dedicação da personagem à figura materna.

Os hábitos das protagonistas conseguem transpassar melancolia. Josy parece buscar aceitação, mesmo que não só de Laurinda, porém há um combustível nela que a faz seguir com vontade, disposição e bom humor. Há muito amor em devolver o cuidado que um dia sua mãe lhe deu. Contudo, os estímulos e tentativas da filha em fazê-la reagir ao efeito de inércia que seu olhar vazio denuncia são, na sua maioria, frustradas. A história, junto com o cenário e sonoplastia, nos lembra a simplicidade e brevidade da vida.

A produção cinematográfica tem um final dramático, que leva à reflexão através de uma personagem que passa por preconceitos em relação à sua identidade sexual. O filme ganha vida para fazer repensar a condição de cada um no mundo, e inspirar respeito à individualidade das pessoas e suas experiências de vida. No Fim de Tudo foi o segundo curta a ganhar o prêmio Cine Natal, em 2014, trazendo uma travesti como protagonista. Veio para quebrar paradigmas e mostrar que sensibilidade é questão de sentir e não de orientação sexual.

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