Fortaleza e Coreia do Sul: a confluência de culturas no Sana 2017
Por Ana Flávia Sanção
Sendo sua quarta edição no Brasil e segunda seletiva regional em Fortaleza, o maior concurso de canto e dança coreana do mundo trouxe uma multidão para o palco Art & Fest no sábado, segundo dia de evento.
Confecção de pulseiras e chaveiros no Espaço Coreano. Foto: Grupert |
A Onda Coreana está se enraizando por todos os lugares do mundo, principalmente difundida pelo crescimento do Kpop, e chegou ao Brasil com força total. Na cidade de Fortaleza, durante o evento Sana 2017, foi dedicado um espaço somente à Coreia. Nele, havia exposição fotográfica, degustação da culinária sul-coreana, oficinas de caligrafia, um estande da Kocca, competições de kpop, entre outras atrações.
Memowall. Foto: Grupert |
Pelo terceiro ano consecutivo, a Embaixada da República da Coreia, em parceria com o Sana, trouxe ao evento particularidades da cultura coreana. Convidados coreanos receberam o público com carisma e simpatia, promovendo oficinas de interação. Era possível aprender a escrever seu nome em coreano na montagem de leques, pintar um quebra cabeça da Coreia do Sul, confeccionar chaveiros e pulseiras e colar tatuagens auto-adesivas. Também havia um memowall (parede de recados), disponível para todos que quiseram deixar mensagens para a Coreia e seus ídolos.
Porém, as principais atrações trazidas pela Embaixada foram a degustação da culinária, com 5 pratos diferentes; a galeria de fotografias, batizada de Um olhar brasileiro sobre a Coreia, feitas pelo bacharel em Direito Bruno Giglio, que mora em Seul há 6 anos; e a competição Kpop World Festival, que levantou o público fã de dança de de Kpop.
Painel de divulgação das PyeongChang. Foto: Grupert |
Segundo Elton Pacheco, Assessor de Comunicação e Cultura da Embaixada, a demanda de produtos coreanos cresceu nos últimos anos. “Vimos que as pessoas de Fortaleza estavam consumindo cada vez mais a cultura coreana. Ano passado tivemos um grande número de pedidos por mais coisas. Então esse ano fizemos parceria com a Kocca, uma agência de conteúdo criativo da Coreia, para que houvessem mais atrações”, explica ele.
A Embaixada aproveitou também para divulgar os Jogos Olímpicos de Inverno, que em 2018 ocorrem na cidade de PyeongChang. Foi disponibilizado um painel para fotografias com os mascotes dos Jogos, Soohorang e Bandabi, e a hashtag especial #PyeongChangNoSana. A melhor foto utilizando a hashtag ganharia um prêmio especial.
Kpop World Festival
Foto: Embaixada da República da Coreia |
A primeira categoria apresentada foi canto, com seis apresentações. A segunda categoria foi dança, que contou com oito grupos e um solo. Compondo a banca de jurados, haviam membros da Embaixada da Coreia.
Quem levou o primeiro lugar na categoria de canto foi Camille Ornellas, e o segundo, a dupla Vita-Vita. Já em dança, o grupo Yeppung Girls ficou com o primeiro prêmio e o Cypher com o segundo. Para os primeiros lugares foi dada uma quantia de R$ 2500; para os segundos, R$ 1500. A premiação ainda contava com CDs de bandas Kpop autografados. No prêmio popularidade, votado em tempo real pelo Facebook, o ganhador foi o grupo K-Project, que também levou um CD autografado. Mas o último prêmio, e mais importante do dia, foi o Grande Prêmio. Ele ficou com a amazonense Laís Reis, que além de receber a quantia de R$ 4000, ganhou a oportunidade de se apresentar na Coréia do Sul.
KoccaBrazil e seu conteúdo criativo
Foto: Grupert |
Kocca é uma empresa governamental da Coreia do Sul responsável pela divulgação e propagação da produção cultural coreana. Devido ao crescimento dos pedidos por mais produtos coreanos, a Embaixada da República da Coreia fez uma parceria com a empresa para que ela trouxesse mais atrativos ao Sana.
No o seu primeiro ano no evento, a Kocca trouxe um estande caracterizado com mostras de Kdramas e Kvarieties, além de produtos coreanos que ficavam expostos ao público do lado de fora. A sala 1 do Centro de Eventos do Ceará também funcionou como um cinema, e todos os dias de Sana foram reproduzidas produções audiovisuais coreanas, como Descendentes do Sol, Penúltimo amor e Monster.
“Bom, eu vejo que aqui no Brasil tá crescendo muito o interesse pelo conteúdo cultural coreano. Começando pelo Kpop, e os dramas e programas de variedades também. A comida e culinária coreana tem despertado muito interesse. Então, a gente quer realmente fazer bastante promoção do que a Coréia tem de melhor dos conteúdos. E apresentar, para aumentar o número de fãs aqui, e futuramente assistir muitos programas coreanos aqui nas tvs brasileiras também”, diz Serena Park, representante da empresa no Brasil.
A sede da KoccaBrazil se encontra na cidade de São Paulo, no Centro Cultural Coreano.
Consumo, animação e intercâmbio cultural
Oficinas no espaço da Embaixada Coreana. Foto: Grupert. |
Essa crescente demanda fez o Market do Sana Fest desse ano apostar principalmente em confecções voltados para o Kpop. Eram camisetas, moletons, chaveiros, bottons, máscaras, placas, quadros - uma variação de produtos estampados com os idols do Kpop. Havia tanto para se vender que em alguns momentos faltou diversidade nas vendas e só o que se encontrava eram produtos com as estampas coreanas - um ponto negativo para aqueles que procuravam por algo diferente.
Público durante o Kpop World Festival. Foto: Embaixada. |
Montados com todos esses itens possíveis, o público do Kpop era fácil de se reconhecer no meio de tanta gente. Com visuais inspirados nos ídolos, os fãs se reuniam para dançar, fazer compras e curtir a área da Embaixada e da Kocca, o “Espaço Coreano”. A dedicação deles chega a ser admirável - todos sabiam decorados as letras das músicas e as coreografias. Quando tocavam suas preferidas, coros de gritos animados ressoavam pelo ambiente, como se os próprios artistas estivessem ali, ao vivo.
A consequência dessa interação gera um intercâmbio de culturas entre o ocidente e o oriente. A inclusão da cultura coreana ainda está em desenvolvimento no Brasil, mas esse crescimento, que vem principalmente do Kpop, está ganhando espaço nas nossas cidades. É um diferencial grande quando avaliamos que a principal cultura consumida no país é a norte-americana. Uma das partes boas é que a interação não é unilateral - já é visto por aí, através de vídeos e fotos, coreanos consumindo produtos brasileiros, principalmente a música.
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