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Crítica – Narcos: México

Série da Netflix mostra ambição, guerra e traições agora no México

*Por PH Dias


Diego Luna, à esquerda, interpreta o traficante Miguel Félix e Michael Peña, à direita, o agente da D.E.A. Enrique Camarena (Foto: Divulgação/Netflix)
Narcos está de volta em uma temporada de recomeços, só que do ponto de vista mexicano, especificamente, em Guadalajara. A  fórmula é a mesma: temos dois personagens totalmente distintos entre si e cheios de convicção sobre o que acreditam, é claro. 

Miguel Félix (Diego Luna) Gallardo é o grande traficante da vez e vemos como ele se torna o chefão que controla todo o cartel mexicano. O roteiro consegue estabelecer bem a sua chegada ao poder, mostrando como ele sempre foi um homem metódico, determinado, ou seja, o personagem tem um desenvolvimento à medida que a trama avança.

Enrique 'Kiki' Camarena (Michael Peña), é o oposto disso tudo. O agente da D.E.A (Órgão para o Controle/Combate das Drogas) da vez é a pessoa certa em um momento errado da organização. Sua trajetória é bem explorada pelo roteiro, apresentando suas camadas – desde a sua primeira cena como agente até quando conversa com sua esposa sobre deixar um legado em sua passagem pelo país.  É possível perceber o quanto tem certeza sobre o que quer, consequentemente sendo bastante teimoso.

Vale ressaltar também, a atuação de Diego Luna e Michael Peña e como eles entenderam as caricaturas representadas. Luna expõe um homem que sabe jogar e precisa manipular todo o jogo do cartel que formou; o influenciador de todo um ambiente. Peña precisa ser mais versátil e consegue cumprir bem este papel, principalmente nas cenas de maior nervosismo, quando está no trabalho, mas também em cenas mais românticas que mostram um lado mais humano do policial. As duas escolhas são acertadas. Prova disso é um diálogo que os dois têm em um momento crucial da temporada, onde é possível sentir o quanto é diferente o modo que eles veem o mundo .

O elenco de apoio também é um ponto alto da narrativa. A presença feminina tem um papel crucial nos dois caminhos dos protagonistas. Falo das performances de Alyssa Diaz (Mika Camarena), mulher de Kiki, e da atriz Teresa Ruiz (Isabella Bautista), que ajuda Miguel a ter contatos com outros traficantes, ao mesmo tempo que possui seus interesses. Elas não ocupam o lugar de sexo frágil, e sim de mulheres essenciais ao ajudarem a moldar as duas figuras centrais da série. Outro destaque vai para o ator Joaquín Cosio (Don Neto) que funciona muito bem – ora como alguém que se leva sério, ora como um traficante mal-encarado.

A fotografia está excelente, conseguindo dar o clima necessário para que o espectador se situe em um México, no meio da década de 80. O tom das cenas é algo mais calmo, ameno. Destaque para as cenas filmadas no deserto mexicano, mostrando todo o seu calor e extensão. Pontos para Luis David Sansans e Damián García, os dois diretores de fotografia.

A série comete o mesmo erro da sua primeira versão: a falta de uma montagem eficiente, deixando o espectador confuso. Isso porque, nos primeiros episódios desta temporada, em que a forma utilizada para explicar o funcionamento do cartel de Guadalajara é muito rápida, a série muda de foco cedo demais, sem antes estabelecer uma melhor explicação para a trama. Fica algo muito jogado e superficial aos olhos de quem assiste.

"Narcos: México" fala sobre mudanças, e como elas podem transformar nossas vidas. Tudo isso dependendo, claro, do meio em que estamos inserindo e, dependendo do ambiente da nova temporada da série, é um meio que deixa  profundas marcas.

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