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Sense8: 2ª Temporada - Crítica


Por Hilda Vasconcelos

Com uma primeira temporada cheia de mistério, polêmicas e temas não muito “fáceis de engolir” em uma sociedade que, apesar de mais consciente, ainda carrega preconceitos mascarados, Sense8 vem a público para nos salvar da mesmice de outras produções e nos tirar da zona de conforto. A série conta a história de oito pessoas ligadas por um fenômeno que, por mais confuso que seja, torna-se compreensível ao longo dos episódios. Produzida pelas irmãs Wachowski em parceria com a Netflix, Sense8 engloba parte do cotidiano e as características de diferentes culturas e países, sem reforçar estereótipos e não se atendo a clichês.

Sexo, aventuras, drogas, política, crime e militância são alguns dos temas presentes na vida de Capheus (Aml Ameen, substituido por Toby Onwumere na segunda temporada), Kala (Tina Desai), Lito (Miguel Ángel Silvestre), Nomi (Jamie Clayton), Riley (Tuppence Middleton), Sun (Doona Bae), Will (Brian J. Smith) e Wolfgang (Max Riemelt). Nem realista demais, nem fantasiosa ao extremo: a quantidade certa de uma narrativa incomum, mas que trata de assuntos de grande relevância no cotidiano.

Após quase dois anos de espera, finalmente foi liberada a segunda temporada. Com um jejum que contou com uma "colher de chá" (Especial de Natal de 2h de duração, que deu alguma noção do que teria na season 2), certamente os fãs se sentiram recompensados, após assistirem o resultado de 133 dias de gravação em mais de dez países. 


Vai ter ativismo? Vai, sim! Os 10 episódios possuem mensagens importantíssimas a respeito das inúmeras causas pelas quais se luta atualmente: desde a corrupção (em pequenas e grandes esferas) até questões políticas, da representatividade feminina à luta pelos direitos das pessoas LGBT, a segunda temporada foi enfática no sentido de que, sim, é preciso lutar pelo que acreditamos e que não, não estamos sozinhos e podemos contar com elxs (elenco, produtores, a "família" Sense8) para isso.


Essa temporada teve um maior foco em explicar a origem e como "funcionam" os sensates. Quase tudo é esclarecido: a impressão que ficou foi a de que quem ainda tinha dúvidas sobre a espécie humana tratada no seriado (homo sensorium) conseguiu esclarecer grande parte delas – o que, definitivamente, será fundamental para acompanhar e compreender satisfatoriamente o que se dará nas próximas.


Como era de se esperar, a fotografia está incrível e a produção e filmagens estão excepcionais. Durante as muitas cenas de violência, ficou evidente a qualidade do trabalho desenvolvido pela equipe – a propósito, é importante falar desse ponto. A segunda temporada trouxe o oposto do que a primeira fez: ao contrário das cenas repletas de boas vibrações (como o épico karaokê da música What's Up, de 4 Non Blondes), tivemos acesso a cenas de luta muito bem produzidas.


A palavra mais adequada para o 11º episódio dessa temporada é “tensão”. Foi tenso do início ao fim, quando se pensa que não tem mais o que dar errado, algo novo dá errado (mas a recíproca é verdadeira). Depois de todos os sorrisos, lágrimas,  aflição e comemorações, não é improvável ficar sentado olhando para a tela do dispositivo pelo qual você estiver assistindo quando os créditos começarem a rolar. Também não será surpresa se você ficar desesperado querendo uma continuação, querendo a terceira temporada, que provavelmente vai demorar bastante para chegar – mas ela vai chegar, sim. Vem terceira temporada de Sense8, certamente; vem também tudo o que se sentiu nessas duas temporadas, e, provavelmente, muitas outras emoções que a gente nem sabia que sentia: é o efeito Sense8.

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