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Novo álbum de James Bay traz uma junção de rock alternativo com soul e pop, mostrando a evolução musical do cantor britânico

Por Ana Flávia Sanção

Uma das grandes revelações de 2015, James Bay, indicado a três categorias do Grammy em 2016 e a quatro BRIT Awards entre 2015 e 2016, tendo ganhado dois, lançou ontem, 18, seu segundo CD “Electric Light”.

O álbum conta com 14 faixas e está completamente fora do que seria esperado de James. Apesar do soft rock alternativo ainda estar presente em todas as faixas, vemos um cantor que soube evoluir musicalmente, sem que isso atrapalhasse suas origens.

Utilizando recursos e efeitos sonoros que não estavam presentes em seu primeiro trabalho, Chaos and the Calm, muito de suas músicas nadam no soul rock, às vezes alcançando um pop mais desfeito, menos enfeitado. Esses recursos estão presentes em todas as músicas de Electric Light, tornando o álbum redondo, característico. Quem conhece o trabalho de James Bay dificilmente erraria ao tentar adivinhar a que CD pertence qualquer uma das músicas.

Outra diferença presente é a temática das músicas todas elas são românticas, variando em graus. Músicas como Best Fake Smile e Craving, que tratam de questões mais existenciais, não estão presentes. E, mesmos românticas, elas não perdem a energia Electric Light é um álbum que envolve e nos faz querer dançar nas principais faixas.

A intro abre o CD com uma dramatização. Um casal se encontra no meio de uma rua movimentada e ele deixa claro que não está certo sobre o relacionamento. O áudio fica confuso entre buzinadas e barulho de pessoas e então acaba. 

A segunda faixa, Wasted On Each Other, tem uma batida forte, rockeira. Sendo a primeira música oficial do álbum, já mostra ao que James veio. É diferente, mas ao mesmo tempo confortável, relembrando músicas do primeiro CD. 

Pink Lemonade é a próxima, talvez uma das melhores do Electric Light. Sua batida lembra um soft rock do início dos anos noventa, mais ou menos como é mostrado no clipe, lançado há dois meses. Pink Lemonade foi o segundo single a ser lançado por James, no mês de março. 

A seguir temos Wild Love, primeiro single, lançada em fevereiro deste ano. Quem a escuta pela primeira vez talvez estranhe a diferença de estilo musical quase gritante entre as músicas do Chaos and the Calm e ela; algo que talvez tenha assustado os fãs inicialmente. É uma das faixas mais diferentes do álbum, com batidas que alcançam a pop music em alguns momentos. 

A quinta música do CD é Us, também lançada como single recentemente. É um tanto piegas e também mostra mais do novo lado musical do James, com batidas interessantes com fundo de guitarra. 

Em seguida temos In My Head, que possui uma batida mais agitada, mais efeitos sonoros e é provavelmente a faixa mais pop. Arriscada, porém não ruim — é o máximo de risco que James Bay toma entre todas as outras canções. 

Cortando o álbum em dois, na sétima faixa temos o interlude. Novamente uma dramatização, ele se passa dentro de um carro, enquanto ele o dirige. O áudio sofre interferências do que parecem ser lembranças, até o momento em que ele estaciona e bate na porta da casa da garota. 

Just For Tonight, faixa subsequente, é de longe a que mais lembra Chaos and The Calm. Um rock alternativo, enérgico, que nos faz querer bater as mãos e cantar. Até a forma como a letra foi construída nos lembra seu CD de estreia. 

A música número nove é Wanderlust, muito próxima do estilo de rock alternativo dos anos 90 de Pink Lemonade. Já a décima faixa entra num outro estilo presente no CD, mais seduzente, com I Found You. O ritmo da música é lento, sensual, e possui um coral por trás, colocado nas horas certas. 

Sugar Drunk High, décima primeira canção do álbum, começa com uma guitarra forte, esteticamente parecida com Wasted On Each Other. Também faz parte do conjunto de músicas mais sensuais. 

Seguindo temos Stand Up, que novamente pode causar estranhamento para quem a escuta pela primeira vez. O estilo musical de James volta novamente a nadar entre o rock alternativo e o pop rock. Uma das melhores partes é o final, quando entram os violinos e o piano,  fazendo com que a música cresça. 

A penúltima música, Fade Out, é uma das mais marcantes do álbum. Outra faixa sensual e com certeza uma das mais “grudentas” do Electric Light. James Bay ainda arrisca um “palavrão” nas letras, algo que não estava presente em seu primeiro CD. 

Para fechar temos Slide — uma Let It Go 2.0. Assim como esse sucesso do CD anterior, Slide é calma, lenta, bastante romântica, mas não o suficiente para ser enjoativamente piegas. É uma música lenta, sem muitos efeitos, cujo principal instrumento é o piano, dando assim bem mais destaque à bela voz de James.

O álbum é novo e levemente arriscado, mas mostra o desenvolvimento de um artista que quis mudar seu estilo, mas não o suficiente para que ficasse irreconhecível. Num meio comercial onde a música pop tem prevalecido, não é difícil imaginar o porquê, de forma indireta e sutil, James Bay tenha decidido mudar um pouco a sua forma de fazer música. Enquanto ele continuar sabendo o que está fazendo e fazê-lo direito, só podemos esperar mais alguns bons como esse. 


Escute aqui ou abaixo o Electric Light:

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