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Game&Garagem: uma HQ potiguar para além de outros mundos

Por Léo Figueiredo 



Foi no Festival de Quadrinhos de Belo Horizonte que a jornada começou. Jádson S. Pereira, em parceria com o ilustrador Jonny Edson, deram vida a HQ Game&Garagem e seguiram viagem para a capital de Minas Gerais. No entanto, na última sexta-feira, 13 de julho, foi a vez do público natalense ter acesso à obra e relembrar um pouco da maravilhosa década de 1990.

O lançamento ocorreu na loja Complexo Geek, próxima ao shopping Midway Mall. Jádson, roteirista de Game&Garagem, já é um veterano no mundo literário. Natural da cidade de Macau, o arquiteto é autor do livro Contos de uma Terra Desnuda, o qual, inclusive, ganhará uma continuação em breve. Porém, por também ser ilustrador, ele sempre teve a curiosidade de enveredar pelo ramo da arte sequencial.


E logo em sua primeira experiência com os quadrinhos, Jádson pôde observar as grandes diferenças que compõem o processo de produção de cada gênero. “Como eu sou mais acostumado a escrever – e já tem alguns anos que venho me dedicando a isso –, a escrita meio que se tornou uma extensão dos meus pensamentos. Então eu só precisei colocar aquilo em prática, reler e reorganizar. Uma HQ é um universo completamente diferente de um livro. Você não pode pensar como cinema, como literatura; é preciso pensar como quadrinhos, e isso muda muito o processo. Eu tive que refazer o primeiro roteiro porque parecia que estava direcionado para contos. Além disso, tive que detalhar os sentimentos, as situações e o ambiente para o desenhista”, relata. 


A trama e a obra

Jádson fez o lançamento na loja Complexo Geek.
A narrativa de Game&Garagem acontece no ano de 1994 e gira em torno de Álex e Botão, duas crianças que curtem muito jogar videogame. Na vizinhança na qual residem existe uma locadora, cujo dono é o Marte. Com a chegada de um objeto misterioso, a dupla acaba descobrindo o que não devia e, dessa forma, desencadeando uma aventura com ação e vários enigmas soltos no ar.

O material é de uma qualidade impecável e a competência dos envolvidos vai além do que as palavras podem descrever. É nítido que por trás do roteiro de Jádson existe toda uma mitologia oculta e o autor, de maneira perspicaz, soube estruturar as informações de uma forma que o leitor fica querendo saber mais sobre aquele mundo. As ilustrações de Jonny Edson não ficam atrás, com traços que remetem um pouco a mangás e com enquadramentos belíssimos, realçando as cenas de ação. A capa de Gabriel Andrade Jr., que atualmente é colaborar nas obras de Alam Moore, resgata justamente o tom aventureiro dos anos 90, como se fosse um pôster de filme da Sessão da Tarde.

De acordo com Jádson, a inspiração para Game&Garagem está alicerçada em experiências pessoais. “Surgiram com a ideia de que eu produzisse algo para levar ao Festival de Belo Horizonte. Nesse período, eu estava no auge da segunda temporada de Stranger Things, então comecei a desenvolver um roteiro que resgatasse a memória da década de 1990, que eu vivi aqui em Natal. Eu morava em Macau e passava as férias aqui em Natal, e lá no condomínio que eu moro, em Neópolis, uma das garagens era uma locadora de videogame, chamada Game Garage. Eu quis fazer uma homenagem, colocando o título da HQ como Game&Garagem. Esse projeto foi feito por três macauenses, com seus 30 e poucos anos, que viveram aquela época. Então são muitas lembranças, muita nostalgia, propiciando uma construção divertida”.

Outros volumes

É necessário frisar que se os leigos acharem que se trata de uma obra cujo público-alvo são as crianças, estão redondamente enganados. A censura é para maiores de 10 anos. É de fato estilo Stranger Things, com direito a palavrões e desmembramentos. No que diz respeito a outros volumes, Jádson garantiu que pensa em lançar novas histórias conforme obtiver boas respostas das pessoas.

“Este é um volume fechado, mas ele dá brecha para que haja várias outras continuações e histórias paralelas. A história ainda tem espaço para crescer bastante; eu desenvolvi todo um mundo para aquela época, com aventuras e personagens que ainda dá para se utilizar bastante. A nostalgia é infinita”.

Por mais incerto que o futuro pareça ser, é seguro afirmar que uma obra como Game&Garagem merece continuidade. Está a nível não só nacional; vai além disso. O desejo que fica após a leitura é de que Álex e Botão possam se reunir mais vezes, tendo em vista que a excelência da aventura de estreia – e o carinho dos envolvidos – é perceptível desde as primeiras páginas.

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