Quando o público se constrói como atração

Por Germano Freitas e Marcelha Pereira

Diferentes iterações do mesmo Máskara se juntam para o entretenimento do público. Foto: Equipe Grupert

Em eventos de cultura pop como o Sana 2018, que aconteceu durante os dias 27, 28 e 29 de julho, é comum ver o público vestido de seus personagens preferidos. Alguns se fantasiam pela diversão, outros levam a brincadeira como profissão; nas duas formas, eles se tornam a atração mais diversificada e inusitada desses espaços. Não importa se você está no banheiro, na praça de alimentação, em alguma palestra ou andando pelos corredores, cosplayers sempre estarão por perto. 

O termo Cosplay vem do japonês Kosupure – uma abreviação da palavra costume roleplay, que significa "se fantasiar de um personagem". As pessoas que se fantasiam, portanto, são chamadas de cosplayers. E o assunto é levado tão a sério que no Japão é realizado um evento tradicional denominado World Cosplay Championship, o qual reúne cosplayers do mundo todo para competirem entre quem constrói melhor o personagem.

Para ser cosplayer é preciso não apenas deixar a sua roupa a mais fiel possível, mas incorporar os trejeitos e a personalidade do personagem em questão. No Sana, muitos cosplayers deixavam os visitantes surpresos tamanha a semelhança nas atitudes com quem estavam interpretando. O fato deles fazerem parte do público e ao mesmo tempo se auto-construírem como atração, faz com que a interação com quem está visitando o evento seja a mais acessível possível. 

Como é comum encontrar personagens parecidos com o seu em eventos desse porte, a melhor saída é se juntar à outra pessoa para divertirem o público. No Sana, dois Máskaras se encontraram e, assim como o famoso personagem, resolveram tirar alegria da situação. Um dos Máskaras, Jonathan Martins, 23, é professor de Muay Thai e já participou do Sana de 2016 e 2017 como cosplayer. Ele diz que “é muito legal você conseguir atrair tanta gente para perto de você e sentir o carinho que as pessoas sentem pelo personagem, principalmente”. Natural de Fortaleza, Martins faz cosplay do Máskara por se identificar com a personalidade do protagonista e por ele ter marcado sua infância. 

Exterminador (Slade Wilson) e Batgirl, interpretados respectivamente por Esdras Nogueira e Carolina Fernandes, vieram de Recife para o seu primeiro Sana. Foto: Equipe Grupert

Já Carolina Fernandes, 26, é publicitária e veio de Recife para interpretar a Batgirl junto ao seu amigo Esdras Nogueira, que faz cosplay do Exterminador (Slade Wilson). Eles costumam fazer cosplay em festas e em outros eventos de cultura pop em Recife, mas foi a primeira vez que vieram para Fortaleza. Segundo ela, a recepção dos outros visitantes para o cosplay deles foi espetacular e isso contribuiu para que a experiência no Sana fosse satisfatória e marcante. 

Son Gotenks e Majin Boo, de Dragon Ball, também estavam desfilando pelo evento. Danilo Pereira (Gotenks), 23, e Rafael Castro (Majin Boo), 35, já possuem a experiência de desfilar em edições passadas do Sana, em shoppings e até mesmo em outras cidades. Participar desses locais é gratificante, para eles, principalmente quando as crianças gostam de seus personagens. “Já aconteceu de uma criança chegar a te seguir, como aconteceu ano passado com esse personagem, e a mãe chegar pedindo para você tirar foto com o filho. Então aqueles seis meses que você passa montando a fantasia do cosplay, com erros e acertos, é compensado quando tem aquela criança que gosta do personagem e quer tirar foto com você,” Rafael comenta. 

Majin Boo (esquerda) e Gotenks (direita) do Dragon Ball, incorporados por Rafael Castro e Danilo Pereira, respectivamente. Foto: Equipe Grupert

A escolha dos personagens se deu pela semelhança física, assim como pelo que eles significam. Danilo, escolheu Gotenks pela altura e estilo do personagem: baixinho e animado. Rafael, escolheu Majin Boo pelo seu porte físico e por ser um vilão que conquistou o público de Dragon Ball. 

Máskara, Batgirl, Exterminador, Gotenks e Majin Boo são cinco do mar de cosplayers que foi o Sana 2018. Desde personagens de animes, filmes e séries ao Neymar, e até Jesus, foram interpretados. O cosplay é a prova de que é possível viver o evento em sua forma mais pura, já que quem constrói o personagem é o próprio visitante. Eles passam a virar atração e a beleza está na mistura de universos que acontece a cada dez passos. Afinal, você já imaginou o Mestre dos Magos se encontrando com o Máskara?