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The Dark Knight - 10 anos

Por Germano Freitas 


O ano de 2008 foi importante para o cinema baseado em histórias em quadrinhos. Nele, tivemos o que seria o início do Universo Cinematográfico da Marvel (UCM), com O Incrível Hulk - estrelado por Edward Norton - e o primeiro longa de Robert Downey Jr. como Tony Stark. Mas algo ainda mais marcante foi Batman - O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight, no título original), filme dirigido por Christopher Nolan, que rendeu o primeiro Oscar numa grande categoria e o primeiro bilhão em bilheteria para filmes de super-heróis. 

Sendo o segundo longa-metragem de uma trilogia sobre o defensor de Gotham, nele vemos o Homem Morcego encarar seu maior vilão, o Coringa (encenado por Heath Ledger), enquanto tenta aplicar uma resolução de longo prazo para o crime da cidade. Ao longo da história também surge o personagem Duas-Caras, mas é com o Palhaço do Crime que fica o destaque, tanto no roteiro quanto no resultado final. 

Devido ao filme de 1989 com Jack Nicholson como Coringa, e sua atuação marcante, muito atores ficaram relutantes em aceitar o papel. Ledger foi escolhido diretamente por Nolan, apesar de ele ter se encontrado com diversos outros atores antes de tomar sua decisão. Quando questionado o porquê de sua escolha, o diretor simplesmente afirmou “por que ele não tem medo”. O resultado não poderia ter sido melhor, a atuação foi bem avaliada por fãs e crítica, gerando um Oscar póstumo de Melhor Ator Coadjuvante para Ledger, que faleceu em janeiro de 2008. 

Heath Ledger também ganhou o reconhecimento de seus colegas de filmagem. Durante uma cena na cobertura de Bruce Wayne, ele e Michael Caine (intérprete do mordomo Alfred) deveriam contracenar, mas Caine acabou esquecendo as falas por estar impactado com a performance do colega. Em outra cena, agora ao lado de Aaron Eckhart (intérprete de Duas-Caras), Ledger teria impressionado o colega durante a preparação para a cena ao ponto que este se sentiu obrigado a levantar o nível de sua atuação. 

Diferente dos demais filmes de quadrinhos, o enredo foi uma grande atração para O Cavaleiro das Trevas e é um outro ponto de mudança. Dentro do filme temos diversas atuações de qualidade, temos as cenas de ações de super-heróis, mas também temos uma narração policial que dialoga sobre assuntos profundos, como caos e ordem. Batman e Coringa nunca foram tão relacionados como extremos opostos, um seguidor de regras e promotor da ordem e o outro um anarquista em busca de caos. Enquanto uma obra de cinema feita para um público mais velho que o costumeiro público infantil das histórias em quadrinhos, este longa-metragem traz herói e vilão de uma forma nova e ainda consegue capturar toda a gama de espectadores que estava disponível com a sua censura de 12 anos. 


Indo além, a direção de Christopher Nolan gerou uma repercussão para a forma como algumas obras cinematográficas são produzidas. Hoje, vemos filmes de ação com mais preocupação estética e filmes narrativos com maior uso de Imax e outras técnicas, isto graças à experiência onde Nolan criou uma mistura entre grandes bilheterias e elementos narrativos profundos. 

Provavelmente, o maior impacto d’O Cavaleiro das Trevas foi na forma como a academia e a crítica veem os filmes de grande bilheteria. Poucos meses após a premiação de 2009, o Oscar de Melhor Filme passou a ter uma lista maior de candidatos ao título, com idas e vindas nos anos posteriores. A regra hoje é que a lista contenha entre 5 e 10 concorrentes. 

O longa detém alguns marcos para os super-heróis no cinema, como o primeiro Oscar de uma grande categoria e o primeiro bilhão de dólares na bilheteria, mas além disso mudou a forma como se vê e faz filmes de super-heróis. Dez anos depois, O Cavaleiro das Trevas ainda repercute pelo mundo do cinema, influenciando novas produções e sendo um marco histórico para os blockbusters.

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