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The Hollow – O Vazio esconde mistérios, magia e diversão

Por Marcelha Pereira


Imagine acordar em uma sala cuja saída é apenas um tubo de ar no alto de uma parede comprida. Você não é capaz de se lembrar do seu verdadeiro nome, idade, família ou onde fica sua casa, muito menos sabe o porquê de estar ali, apenas tem a certeza de que precisa achar uma forma de sair dali. Há apenas outras duas pessoas e uma máquina de escrever. Conseguiu imaginar? Pois é nesse cenário que inicia toda a jornada da nova série de animação que chegou à Netflix no início deste mês de julho: The Hollow (O Vazio). 

Com criação de Vito Viscomi, Josh Mephan, Kathy A. Rocchio e Greg Sullivan, todos também criadores do desenho Nerds e Monstros, a série canadense The Hollow traz uma narrativa repleta de portais mágicos, enigmas e monstros cruéis. As únicas coisas que os adolescentes Adam, Mira e Kai possuem sobre si mesmos quando acordam em uma sala fechada sem recordarem de nada são três pequenos pedaços de papel com seus nomes, cada um no bolso de suas respectivas calças. 


Ainda dentro da sala eles começam a descobrir seus pontos fortes. Mira é boa em desvendar o enigma que revela um truque para eles saírem do espaço pelo tubo de ar, Adam descobre sua força quando precisa quebrar a grade que protege o tubo e Kai... bem, ele é bom em ser desastrado e medroso. Ao saírem da sala, eles percebem que estão em uma floresta e andam até se depararem com uma cerca. Acabam descobrindo uma cabana onde acham uma bolsa com um mapa incompleto e outros objetos que podem ser úteis para eles conseguirem chegar em casa, até que são surpreendidos por grandes cães furiosos e um maluco risonho que teletransporta os três para o deserto. 

Assim começa a aventura de Adam, Mira e Kai em tribos, em um circo abandonado, em uma cidade de mortos-vivos, no mar e também no gelo. Mistérios são desvendados e mais poderes de Adam e Mira são descobertos, enquanto Kai finalmente descobre os seus. Eles lidam com um exército de Minotauros que os prende para serem devorados, até que são levados por três dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse para conhecerem a Morte. Depois de sobreviverem a muitos desafios, Adam desconfia de que tudo é um jogo quando eles encontram um segundo trio passando pelas mesmas aventuras. 

Após alguns outros encontros com esse novo trio e por causa de certas falhas no ambiente que recordam bugs de sistemas operacionais, eles tem a certeza de que estão participando de uma competição em jogo digital. Assim, perguntas começam a surgir para quem assiste: “De onde eles vieram? Que tipo de jogo é esse? Qual é o final? Existe um final?”. Até o décimo episódio alguns desses questionamentos são respondidos, outros continuam. 


O enredo que começa sem revelar nada, apenas os adolescentes e suas tentativas em voltar para a casa da qual eles não lembram, vai se desenrolando sem revelar nada grandioso de uma vez. As doses da “verdade” por trás daquilo que os jovens estão vivendo vão sendo fornecidas aos poucos e implicitamente até explodirem no final. A série se torna impactante por esse motivo, nada é como o esperado e cada mínimo acontecimento surpreende e se encaixa. 

The Hollow é cheio de mistérios, surpresas, risos e medos do início ao fim. Apesar de ser um desenho para pré-adolescentes, adultos e jovens-adultos também conseguem se sentir inseridos na narrativa ao serem incitados a pensarem quando os enigmas surgem. Mesmo que Adam, Mira e Kai não se recordem de nada anterior à sala fechada, eles vão sendo obrigados a irem descobrindo suas personalidades a medida em que os desafios aparecem, o que também atrai o espectador. 

Todos os mundos presentes na série foram pensados para que se encaixassem. As falas de alguns personagens são cruciais para o desenrolar da história, ainda que o personagem em questão não apareça novamente. Inclusive, algumas dessas falas deixam pontas soltas que podem ser costuradas em uma possível segunda temporada. O próprio final surpreendente mostra que há muito mais a ser explorado no mundo tecnológico do jogo onde as aventuras de Adam, Mira e Kai acontecem. Teorias na Internet em torno do final da série já apareçam, há muito o que se comentar e descobrir, mas não vamos dar spoilers. Resta esperar a segunda temporada, talvez as quase cinco horas de jogo, digo, série, sejam apenas a fase de teste. 

De qualquer forma... você aceitaria se refrescar com a Morte? Não se esqueça, ela é a sua amiga


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